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17 de July de 2017

Câncer de pulmão: exame de sangue poderá auxiliar no diagnóstico precoce do retorno da doença

Um exame de sangue pode auxiliar na identificação precoce do reaparecimento do câncer de pulmão até um ano antes de ser detectado por meio de outras técnicas, como tomografias e exames de raios X. A descoberta, feita por cientistas do Cancer Research, no Reino Unido, poderá antecipar o tratamento e aumentar a sobrevida de pacientes.

 

Batizada de TRACERx, a pesquisa é a primeira do gênero. Para alcançar os resultados, o grupo de estudiosos identificou as causas da recidiva do câncer e como ele se dissemina e, a partir dessas informações, utilizou uma biópsia líquida capaz de traçar a evolução do câncer em tempo real, desde o diagnóstico até a cura.

 

De acordo com o oncologista do Hospital Santa Lúcia, Eduardo Vissotto, a novidade poderá tornar o diagnóstico do retorno do câncer de pulmão — atualmente realizado com a biópsia de lesões suspeitas, ou seja, a partir da retirada de um fragmento do tumor para análise do patologista — mais confortável e menos invasiva. No Brasil, a biópsia líquida é realizada apenas em casos de câncer de pulmão — não para diagnóstico inicial, mas para pesquisa de uma mutação específica em alguns pacientes que estão com a doença em progressão.

 

“Esta será uma verdadeira revolução no diagnóstico e tratamento de pacientes com câncer de pulmão, porque permitirá ao médico individualizar o tratamento oncológico com maior conforto ao paciente, já que o procedimento é pouco invasivo e realizado através da simples coleta de sangue”, destaca o especialista.

 

A PESQUISA – Para o experimento, os médicos do centro de pesquisa Francis Crick Institute, em Londres, analisaram tumores de 100 pessoas com câncer de pulmão. Nas amostras coletadas, foram identificados cromossomos instáveis que permitem a evolução de tumores. Os cientistas concluíram que as pessoas com grandes quantidades desse tipo de cromossomo tinham quatro vezes mais chance de retorno do câncer.

 

Segundo o American Joint Committee on Cancer, o risco de recidiva em um paciente diagnosticado com um tumor localmente avançado e submetido a tratamentos potencialmente curativos depende de diversos fatores, como tamanho, gânglios envolvidos e presença de mutações, entre outros. A depender da combinação dessas variáveis, em cinco anos esse risco oscila entre 10-90%.

 

MOMENTO ATUAL – A recidiva do câncer é, na maioria das vezes, detectada por meio de exames de imagens sugestivos. “No Hospital Santa Lúcia, temos todo arsenal diagnóstico, com aparelhos de PET-TC, ressonância magnética, equipe de radiologia intervencionistas e broncoscopia para realização de biópsias, além de patologistas especializados acessíveis”, explica o médico.

 

Toda esta infraestrutura permite ao corpo clínico atuar com um plano terapêutico precoce, antes que sintomas limitantes da doença se manifestem e deixem o paciente debilitado.

 

“Para realização de um plano terapêutico, dispomos de uma equipe multidisciplinar composta por cirurgiões torácicos, oncologistas clínicos e radioterapeutas, além de profissionais especializados em oncologia nas áreas de Enfermagem, Nutrição, Psicologia, Fisioterapia, Odontologia e Fonoaudiologia”, destaca Eduardo Vissotto.

 

Em recidivas, os principais tratamentos são sistêmicos e envolvem quimioterapia, imunoterapia (estímulo do sistema imunológico) ou drogas alvos (que atuam em mutações específicas). Cirurgia e radioterapia são também opções em situações específicas. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), 28.220 novos casos de câncer de pulmão são esperados no Brasil este ano.