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26 de April de 2015

Açúcar pode influenciar mais no aumento da pressão do que sal

O consumo de sal sempre foi considerado um dos maiores vilões causadores do aumento da pressão arterial (PA). Mas uma revisão realizada por médicos de instituições americanas apontou que reduzir o consumo de açúcar pode ser tão ou mais importante do que controlar a ingestão de sal.

 

 

“Os benefícios da redução do sódio e seu efeito de queda da pressão arterial são mais conhecidos. Mas o consumo de carboidratos (que também podem virar açúcar no organismo) está relacionado à obesidade, que é um dos fatores de risco para hipertensão”, explica o cardiologista do Hospital Santa Lúcia, Fausto Stauffer.

 

 

A revisão, publicada no periódico científico Open Heart no final do ano passado, indica que os alimentos industrializados enriquecidos com açúcar precisam sair da mesa das pessoas, especialmente os que contem xarope de milho, substância adoçante comumente encontrada em sucos industrializados e refrigerantes. De acordo com os médicos, a ingestão diária de mais de 74 gramas de frutose – um dos tipos de açúcares – está associada a um risco 30% maior de pressão arterial acima de 14 por 9 e 77% maior de pressão superior a 16 por 10. A medida padrão considerada normal gira em torno de 12 por 8.

 

 

No caso específico das bebidas industrializadas, outra pesquisa, feita com 2,5 mil pessoas e publicada na revista científica Hypertension em 2011, relacionou a ingestão de refrigerantes ou sucos de fruta contendo açúcar ao desequilíbrio da pressão arterial. Os cientistas acreditam que o excesso de açúcar no sangue prejudica o tônus das veias sanguíneas e desequilibra os níveis de sal no organismo.

 

 

Uma alimentação rica em frutose também está relacionada a altos índices de insulina e chance de síndrome metabólica, além da elevação do colesterol, um dos maiores fatores de risco para a hipertensão arterial sistêmica (HAS). “O principal nutriente na dieta dos brasileiros é o carboidrato, geralmente com alto teor de açúcar, encontrado em alimentos como frutas, barras energéticas, pão, batata e iogurtes adoçados”, exemplifica o médico.

 

 

Não bastassem os efeitos negativos já citados, a ingestão excessiva de açúcar também está relacionada ao envelhecimento precoce; ao surgimento de diversas doenças crônicas e degenerativas, como diabetes, obesidade, esclerose e Alzheimer; e ao desenvolvimento das células de muitos tipos de câncer (de mama, ovário, próstata, reto, pâncreas, pulmão, vesícula e estômago, entre outros), que dependem de insulina para crescer e se multiplicar.

 

 

OUTROS FATORES DE RISCO – O cardiologista Fausto Stauffer alerta ainda que o consumo de sal, o sedentarismo, o tabagismo, consumo excessivo de bebidas alcoólicas e a obesidade estão na lista dos principais fatores de risco modificáveis para a hipertensão arterial. “São situações que podem ser controladas e alteradas pelo indivíduo, que deve escolher uma alimentação mais saudável e natural, com menos produtos industrializados e mais rica em nutrientes”, completa.