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20 de July de 2014

Arritmia cardíaca pode ser tratada com técnica minimamente invasiva

As arritmias cardíacas caracterizam-se pela alteração do ritmo dos batimentos, devido a problemas no sistema elétrico do coração. Elas podem causar bradicardia (quando o coração bate mais lentamente) ou taquicardias (quando o ritmo cardíaco fica acelerado), ou ainda podem ocorrer pequenas alterações momentâneas nos batimentos, chamadas de extra-sístoles. Em muitos casos, o diagnóstico e o tratamento podem ser feitos por meio do estudo eletrofisiológico e da ablação, com uma técnica minimamente invasiva que utiliza cateteres específicos. “O estudo eletrofisiológico diagnóstico serve para descobrir que tipo de arritmia o paciente tem e localizar o foco do problema”, explica o cardiologista Tamer Seixas, do Hospital Santa Lúcia. Após isso, caso seja indicado, o médico faz a ablação, uma espécie de cauterização do tecido cardíaco no local de origem da arritmia. “Em alguns tipos específicos de taquicardia, a taxa de cura com a ablação pode chegar a 95%”, ressalta. A indicação dessas técnicas depende de avaliação prévia.

 

As arritmias cardíacas têm sintomas bastante variáveis, mas o mais comum é a palpitação. Podem ocorrer também desmaios – com recuperação rápida e sem alterações motoras –, tonturas, falta de ar, sensação de peso no peito, fraqueza, fadiga e dor no peito, entre outros. Em alguns casos, elas podem não apresentar sintomas e ser detectadas pelo médico durante a avaliação clínica cardiológica. Há situações em que não é necessário tratamento e o paciente apenas faz um acompanhamento periódico com o cardiologista. Outros podem controlar o problema com medicação ou necessitar de procedimentos, como o implante de marca-passo, no caso de bradicardias, e a ablação, em alguns casos de taquicardia. “A taquicardia paroxística supraventricular e as fibrilações atriais em pessoas com menos de 75 anos e sem doenças nas válvulas cardíacas e são as que têm maior percentual de cura com a ablação”, detalha Tamer Seixas.

 

Além de mapear os focos de arritmia, o estudo eletrofisiológico também é utilizado para verificar o risco de morte súbita em alguns pacientes. O procedimento é realizado sob efeito de anestesia local e sedação, em ambiente hospitalar, na unidade de Hemodinâmica. Em geral, o paciente é internado e liberado no dia seguinte, pois é necessário um período de observação e repouso após o procedimento.

 

Para realizar o estudo eletrofisiológico, o médico introduz um cateter na veia femoral, pela virilha ou, se necessário, na veia jugular interna, no pescoço. Depois, os cateteres são levados até o interior do coração, guiados por imagens de raio X, e posicionados em locais estratégicos. A partir daí, é possível registrar os sinais elétricos e controlar os batimentos cardíacos, por meio de impulsos artificiais. Com isso, o médico pode estudar os problemas do sistema elétrico, induzir e avaliar a arritmia responsável pelos sintomas que afetam o paciente no dia-a-dia.

 

Quando há indicação da ablação, ela é realizada logo em seguida ao estudo eletrofisiológico, com a introdução de outro cateter especial, que cauteriza os focos da arritmia cardíaca. Essa cauterização é realizada pela aplicação de radiofrequência, uma forma de energia semelhante ao bisturi elétrico. Ao final da ablação, o estudo eletrofisiológico é repetido para averiguar o resultado do tratamento. “A duração média do estudo eletrofisiológico, mais a ablação e a confirmação, gira em torno de 90 minutos. É um método rápido”, afirma o cardiologista.

 

Tanto o estudo eletrofisiológico quanto a ablação com radiofrequência são considerados muito seguros, mas podem ocorrer algumas raras complicações. A mais comum é o hematoma (em menos de 5% dos casos), que pode aparecer onde foi feita a punção da veia, pois, quando os cateteres são retirados, faz-se uma pressão no local por vários minutos para conter o sangramento. Também para evitar esses sangramentos, é necessário um período de algumas horas de repouso após o procedimento, em que o paciente deve ficar com a perna imobilizada, evitando dobrá-la. O curativo no local da punção não precisa de pontos. Após a alta hospitalar, é importante evitar esforços físicos por um período de três a cinco dias, durante o qual também é recomendável não dirigir. O retorno ao trabalho geralmente ocorre dentro de poucos dias, conforme orientação médica.