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16 de January de 2017

CÂNCER DE INTESTINO É O 3º MAIS COMUM ENTRE HOMENS E MULHERES NO BRASIL

O câncer colorretal — quando o tumor maligno está localizado no intestino grosso — é o terceiro tipo de câncer mais prevalente na população e está atrás apenas dos de mama, entre mulheres, e de próstata, entre os homens. A doença atinge, principalmente, pessoas obesas, com dieta pobre em fibras e que não praticam atividade física.

 

“Este grupo de indivíduos tende a ter constipação, o que faz com que as fezes permaneçam mais tempo em contato com a parede do intestino grosso, provocando escórias cancerígenas”, explica o oncologista do Hospital Santa Lúcia, Rafael Amaral.

 

Válida também para 2017, a estimativa de novos casos de câncer colorretal no Brasil previu, em 2016, o surgimento de 16.660 ocorrências entre homens e de 17.620 entre mulheres.

 

Dores no abdômen, sangramento retal e obstrução intestinal são alguns dos sintomas mais simples de alerta. Mas é preciso estar atento também a outros indicadores, como anemia e emagrecimento não intencional.

 

Segundo o médico, pessoas diagnosticadas com anemia não devem fazer apenas a reposição de ferro no organismo, mas também realizar exames para descartar a possibilidade de câncer no intestino, especialmente depois dos 50 anos de idade.

 

DIAGNÓSTICO — Muitos tumores se originam de pólipos, lesões pré-malignas que podem virar câncer, que sangram. Em pequena quantidade, o sangue não é visível a olho nu e, por isso, sua presença deve ser detectada por meio de exames que identificam sangue oculto nas fezes. Indicado para todas as pessoas a partir dos 50 anos — ou 10 anos antes, para pessoas cujos parentes próximos (pais e irmãos, por exemplo) tenham tido câncer —, o exame deve ser realizado anualmente.

 

Se o resultado for positivo, o indivíduo deve ser submetido a outro exame, chamado colonoscopia. Normalmente realizada uma vez a cada década a partir dos 50 anos, ou também 10 anos antes se já houver casos de câncer na família, este exame identifica o pólipo, mesmo que ele não sangre. “Se houver suspeita de tumor, uma biópsia permitirá a sua confirmação ou descarte”, informa o médico.

 

FATORES DE RISCO — Além dos fatores já mencionados (obesidade, sedentarismo e má alimentação) familiares de pessoas com doença polipoide ou doença inflamatória intestinal crônica estão mais propensos a desenvolver câncer de intestino. Em alguns casos, o uso de ácido acetilsalicílico (AAS), também indicado para prevenir doenças vasculares e cardíacas, pode ser recomendado para a prevenção do tumor colorretal.

 

SOBREVIDA — Se diagnosticado em estágios iniciais, as chances de cura do câncer de intestino são consideradas boas. Num período de cinco anos, a sobrevida média global dos pacientes diagnosticados com a doença pode chegar a 55% nos países desenvolvidos e a 40% nos países em desenvolvimento, como o Brasil. Esses índices têm relação direta com os hábitos e a qualidade de vida das pessoas, o que inclui a prática de exercícios, o modo como se alimentam e até mesmo os recursos disponíveis para diagnóstico e tratamento.

 

TRATAMENTO — O tratamento do câncer de cólon e reto é complexo. Seu sucesso também está associado à integração de uma equipe multidisciplinar, com profissionais especializados em coloproctologia, cirurgia oncológica, radioterapia, radiologia e oncologia clínica. Os tratamentos para câncer colorretal aumentaram a sobrevida dos pacientes e diminuíram as sequelas, mas dependem do estadiamento da doença no momento do diagnóstico.

 

No estádio um, quando o tumor acomete apenas as camadas iniciais da parede interna do intestino, a simples retirada do pólipo ou uma cirurgia para extrair o seguimento do órgão acometido pode ser suficiente e curar cerca de 95% dos casos. No estádio dois, a doença já acomete várias camadas do intestino, demanda cirurgia e as chances de cura chegam a 90%. A depender do nível de agressividade e do tipo de célula, o paciente pode necessitar também de quimioterapia com uma droga apenas.

 

Na fase três, o câncer de intestino atinge os linfonodos regionais (gânglios linfáticos), que são estruturas nodulares distribuídas por todo o corpo ao longo dos vasos linfáticos. Nesta situação, o tratamento exige cirurgia e quimioterapia com diversas drogas, apresentando 85% de resolutividade.

 

Em seu estádio mais grave, o quatro, o câncer colorretal era considerado incurável. Atualmente, cirurgias da lesão primária e da metástase — caso ela esteja localizada no fígado e pulmão com lesões pequenas — seguidas de quimioterapia permitem que 20% de pacientes permaneçam vivos em até cinco anos. “Mesmo em indivíduos considerados inoperáveis, podemos fazer quimioterapia antes e depois tentar a cirurgia das metástases (quimioterapia de conversão). Antes, o paciente vivia dois anos, em média. Agora, pelo menos 20% deles estão vivos num período de cinco anos”, explica o oncologista Rafael Amaral.

 

De acordo com ele, um tratamento multidisciplinar coordenado entre a realização das cirurgias oncológica e proctológica, além do acompanhamento da oncologia clínica, pode melhorar os resultados para o paciente. “Além disso, hoje temos a terapia-alvo molecular. Quando associada à quimioterapia tradicional, ela aumenta em mais de 50% a sobrevida dos pacientes. Outra novidade é que uma das drogas, que necessitava de infusão intravenosa por 46 horas, agora já pode ser substituída por um comprimido”, revela o especialista.