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29 de March de 2015

Hipertensão pode atingir até 5 milhões de crianças e adolescentes brasileiros

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) está entre as doenças frequentemente associadas a indivíduos adultos — especialmente idosos — e, de fato, é mais prevalente nessa faixa etária. Contudo, a Sociedade Brasileira de Cardiologia estima que a doença atinja aproximadamente cinco milhões de crianças e adolescentes brasileiros até 18 anos.

 

 

“O consumo excessivo de alimentos industrializados, ricos em sal, açúcares e/ou gorduras, além de uma vida sedentária, levam ao sobrepeso e à obesidade, um dos mais importantes fatores de risco para a hipertensão”, afirma o coordenador da Pediatria do Hospital Santa Lúcia, Alexandre Nikolay. Na adolescência, também podem entrar nesta lista o tabagismo, o uso de esteroides anabolizantes e de medicações como anticoncepcionais e para emagrecimento.

 

 

Por isso, reduzir a ingestão de sal e de alimentos hipercalóricos — sanduíches, chocolates e pizza, por exemplo — é fundamental não só para prevenir e tratar a hipertensão, mas também a obesidade e doenças a elas associadas. Praticar atividades físicas, não fumar e evitar o consumo de bebidas alcóolicas também são atitudes com grande impacto positivo para a saúde.

 

 

A prevenção pode começar antes mesmo do nascimento do bebê. Durante a gestação, as mães devem ter uma alimentação saudável, rica em frutas e verduras, e corrigir fatores que possam levar ao baixo peso fetal, como o tabagismo. Fetos mal nutridos têm mais risco de nascerem prematuramente e com baixo peso. Crianças pequenas e com crescimento mais lento no primeiro ano de vida têm maior risco de desenvolver hipertensão quando adultos.

 

 

MAS QUAIS SÃO OS TIPOS DE HIPERTENSÃO? Em primeiro lugar, é preciso entender que a pressão arterial (PA) é definida de acordo com gráficos específicos, divididos em porções — chamadas de percentis. A PA de crianças e jovens abaixo do percentil 90 é considerada normal. Os pré-hipertensos estão localizados entre o percentil 90 e 95 e, acima do percentil 95, esta população já é classificada como hipertensa.

 

 

A hipertensão arterial primária (essencial) é a forma mais comum da doença e está frequentemente associada a fatores como o envelhecimento — que tende a aumentar a rigidez das paredes arteriais — e ao consumo de sal, por exemplo. Já a HAS secundária é consequência de uma causa mais facilmente identificável e está, muitas vezes, relacionada às doenças renais.

 

 

“Em crianças menores, antes da puberdade, as causas secundárias são mais prováveis, devem ser investigadas sempre e apresentam possibilidade de cura. Já nos adolescentes, a HAS primária ainda é a mais prevalente e, com o tratamento, é possível fazer seu controle”, esclarece Alexandre Nikolay.

 

 

AVALIAÇÃO PERMANENTE E TRATAMENTO — A aferição da pressão arterial deve ser realizada rotineiramente, ou seja, a cada consulta pediátrica, a partir dos 3 anos de idade. Todavia, algumas crianças precisam ser avaliadas antes disso, a exemplo das que possuem doenças renais congênitas ou adquiridas ou outros fatores de risco para hipertensão, como a obesidade.

 

 

De modo geral, crianças não apresentam sintomas específicos de hipertensão. Assim, dores de cabeça, vômitos, tontura e fadiga durante o dia são sinais de alerta.  Caso seja detectada alteração na pressão arterial, o pediatra deve solicitar exames complementares, como: hemograma; avaliação da função renal com verificação dos níveis de ureia e creatinina; verificação dos níveis de eletrólitos, como sódio e potássio; ultrassonografia renal; e ecocardiograma.

 

 

Por ser uma doença sistêmica, a hipertensão arterial e seu efeito crônico pode afetar a maioria dos sistemas do organismo — o cardiovascular costuma ser um dos mais atingidos. Assim, é preciso que seja feito controle rigoroso e constante durante toda a vida para evitar que, na fase adulta, haja consequências como insuficiência cardíaca ou renal, acidente vascular cerebral (AVC) e infarto agudo do miocárdio.

 

 

De acordo com Alexandre Nikolay, o uso de medicamentos pode acarretar alterações na qualidade de vida e no desenvolvimento físico de crianças e adolescentes e, por isso, deve ser a última opção de tratamento. “As mudanças de estilo de vida — a perda de peso, a baixa ingestão de sódio e a prática de atividades físicas — são muito importantes e eficazes no controle da hipertensão arterial”, finaliza o médico.