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18 de January de 2015

Pesquisa revela que obesidade influencia na ocorrência de 17 tipos de câncer

A relação entre obesidade e câncer não é nova. Mas um estudo publicado pela revista médica inglesa The Lancet mostrou com precisão inédita como o Índice de Massa Corporal (IMC) — utilizado para determinar se os níveis de gordura e peso do indivíduo estão dentro do recomendado — está ligado à incidência de 17 tipos de câncer, do total de 22 pesquisados.

 

No topo da lista aparecem os cânceres de útero, vesícula e rim, seguidos dos de colo do útero, tireoide e sangue (leucemia). Segundo o oncologista do Hospital Santa Lúcia, Dr. Rafael Amaral, o excesso de peso pode aumentar o risco de cânceres causados por processos mecânicos, hormonais e inflamatórios.

 

“De forma mecânica, a obesidade aumenta o refluxo de ácido do estômago para o esôfago, causando alteração em sua mucosa. A gordura também pode acarretar alteração hormonal, aumentando a transformação do hormônio testosterona em estrogênio, o que pode provocar câncer de útero. Já num processo inflamatório, a presença de gordura no fígado ‘irrita’ suas células (hepatócitos), formando fibrose (cirrose) e, mais tarde, câncer”, explica.

 

O estudo conduzido por cientistas da London School of Hygiene é um dos maiores já feitos sobre o assunto e foi desenvolvido no Reino Unido, com amostra composta por 5,24 milhões de pessoas — aproximadamente 9% da sua população. Além de demonstrar, de forma mais segura, relações já conhecidas entre obesidade e câncer, ele aponta que esta vinculação é mais forte do que se esperava em certos tipos, como os de útero, vesícula e rins.

 

Considera-se com sobrepeso pessoas com IMC maior do que 25 e com obesidade, maior do que trinta. Segundo o estudo, cada cinco pontos a mais no índice aumentam o risco de câncer no útero em 62%; de vesícula em 31%; de rim em 25%; de colo do útero em 10%; e de tireoide e sangue (leucemia) em 9%.

 

“Esta pesquisa mostra ainda uma forte relação entre o excesso de peso e cânceres de tireoide, cervical e também a leucemia, cuja vinculação à obesidade era apontada como fraca em pesquisas anteriores, e confirma correlações já sabidas entre a obesidade e câncer de cólon e ovário, entretanto não de maneira tão acentuada como apontavam estudos anteriores”, detalha o Dr. Rafael Amaral.

 

EMAGRECER AJUDA — Controlar o peso e manter o IMC em níveis considerados saudáveis ajuda a evitar o surgimento de um tumor, mas também é fundamental mesmo quando a doença já está estabelecida. Ao perder gordura, mulheres com câncer de útero (endométrio) e de mama que já estão na menopausa, por exemplo, diminuem os níveis do hormônio estrogênio no organismo, o que contribui para o sucesso do tratamento.

 

É importante destacar que pessoas obesas precisam manter uma rotina diferenciada de exames e acompanhamento médico que auxiliem o diagnóstico precoce de câncer. “Para este perfil de paciente, nós, médicos, ficamos mais atentos a alterações de esôfago, cólon e útero, entre outras. Por isto, é importante uma avaliação em um centro multidisciplinar como o Santa Lúcia, onde há diversas especialidades como cardiologia, ginecologia, oncologia, gastroenterologia e nutrição, que atuam de forma integrada”, recomenda Dr. Rafael Amaral.