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05 de May de 2016

Revascularização do miocárdio aumenta qualidade de vida de pacientes com doença arterial coronariana

O aumento do tempo e da qualidade de vida, o alívio das dores (angina), a proteção do coração contra isquemias e a melhora das suas funções, além da prevenção do infarto agudo do miocárdio são alguns dos principais benefícios proporcionados pela revascularização do miocárdio (RM) a pacientes vítimas de doença arterial coronariana (DAC).

O procedimento cirúrgico — conhecido como “ponte de safena” — consiste na interposição de um segmento de veia safena entre a aorta ascendente e artéria coronária, técnica batizada de bypass. As pontes são construídas com enxertos feitos com artérias e veias do próprio paciente, localizadas no tórax (artéria mamária), nos membros inferiores (veias safenas) ou nos antebraços (artérias radiais). Raramente é utilizada a artéria do abdômen (artéria gastroepiploica).

“A cirurgia tem como objetivo aliviar ou resolver completamente os sintomas derivados da isquemia do músculo cardíaco, ou seja, da falta de sangue oxigenado causada por conta de obstruções nas artérias coronárias. Ela auxilia a recuperação física, psíquica e social do paciente”, explica o coordenador do Serviço de Cirurgia Cardíaca do Hospital Santa Lúcia, Pedro Paniagua.

PERFIL DOS PACIENTES – A técnica, uma das mais realizadas na história da medicina, teve seu início em 1967. Dados americanos mostram que a incidência de DAC é maior entre idosos a partir de 70 anos. Em média, 76% dos casos ocorrem nessa parcela da população.

Entretanto, pacientes de idade inferior que fumam ou possuem outros fatores de risco, como histórico familiar de doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, diabetes e alteração das taxas de gordura no sangue (dislipidemia), estão propensos a desenvolver DAC e são futuros candidatos à revascularização do miocárdio.

COMO ACONTECE – A cirurgia pode durar de três e cinco horas, a depender do número de pontes necessárias e do biotipo do paciente — pessoas obesas e de baixa estatura apresentam maiores dificuldades aos médicos — e de outras condições cardíacas que podem ou não dificultar o procedimento.

A RM é feita com abertura do tórax do paciente e, preferencialmente, com circulação sanguínea extracorpórea, o que facilita o trabalho da equipe médica. “Na maior parte dos casos, não existe diferença significativa nas taxas de mortalidade de pacientes que fazem a cirurgia com circulação do sangue fora do corpo em comparação aos que se submetem ao procedimento com o coração batendo. Então esta decisão depende da experiência da equipe, das comorbidades do paciente e anatomia coronariana. No Hospital Santa Lúcia, 70% das operações são feitas com circulação extracorpórea”, explica o Dr. Pedro Paniagua.

ESTRUTURA – Em Brasília, o Hospital Santa Lúcia dispõe de toda a estrutura física necessária e equipe multiprofissional com formação e treinamento especializados em cardiologia e cirurgia cardiovascular para atender a pacientes com patologias cardiovasculares tanto de modo emergencial quanto com agendamento (eletivo).

“Temos equipamentos e materiais de última geração, sala específica para o procedimento no Centro Cirúrgico e uma Unidade de Terapia Intensiva completa para a recuperação do paciente em pós-operatório, além de setor de internação cardiológica. Todo o trabalho é feito com extrema segurança, a partir de protocolos de avaliação e controle das diversas etapas de atendimento dos pacientes”, ressalta o especialista.

Tanto na UTI quanto na enfermaria, o paciente que se submete à revascularização do miocárdio é atendido por equipe multidisciplinar. Praticamente todas as equipes do Hospital estão envolvidas em sua recuperação, especialmente as de fisioterapia, nutrição, cuidados especializados de enfermagem.

“A equipe de fisioterapia desempenha um papel fundamental na recuperação pós-operatória para estimular a realização de atividades físicas e cardiopulmonares precocemente, evitando complicações e diminuindo o tempo de internação hospitalar”, finaliza o cardiologista.

RECUPERAÇÃO – Como rotina, ao término do procedimento cirúrgico o paciente é encaminhado à UTI, onde permanece durante dois dias, na maioria dos casos. Em seguida, ele segue para a enfermaria ou apartamento, onde continua sua recuperação por aproximadamente cinco dias. Normalmente, após esse período ele está em condições de receber alta hospitalar.

“Como em todo procedimento cirúrgico de grande porte, existem riscos e uma minoria pode ser vítima de acidente vascular cerebral isquêmico (AVCI). Os mais propensos a sofrer este tipo de complicação são os pacientes idosos portadores de doença aterosclerótica na aorta ascendente. As sequelas podem ser de grau leve ou grave, dependendo da extensão do acometimento cerebral”, detalha o médico Pedro Paniagua.