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15 de February de 2015

Varizes podem ser sinal de insuficiência venosa crônica

Mais do que um problema estético, o aparecimento de varizes pode ser um sinal de insuficiência venosa crônica (IVC). A doença, caracterizada pelo mau funcionamento das veias dos membros inferiores como consequência da hipertensão venosa (aumento da pressão dentro das veias), não costuma levar o paciente a óbito, mas pode comprometer sua qualidade de vida.

 

 

“A IVC pode interferir no trabalho devido a sintomas como a sensação de peso e dor nas pernas, pelo desconforto social de lesões que alteram a coloração e a consistência da pele, que fica com um aspecto endurecido, e podem até causar feridas abertas, vulneráveis à infecção. Quando devidamente tratada, ela pode ter sua progressão freada; já sem tratamento, o risco de feridas extensas e de difícil cicatrização aumenta progressivamente”, explica a angiologista e cirurgiã vascular do Hospital Santa Lúcia, Mariana Gibim.

 

 

Doenças venosas afetam milhões de pessoas e são o sétimo tipo de doença crônica mais prevalente em todo o mundo. A IV é, frequentemente, uma evolução ou sequela de outras doenças como a trombose — obstrução de veias profundas causada por coágulos. Desta forma, seus fatores de risco são similares e incluem passar grandes períodos de tempo em pé ou sentado, sedentarismo, número de gestações, história familiar, obesidade e prisão de ventre crônica, entre outros.

 

 

A incidência de IVC aumenta progressivamente a partir da terceira década de vida, sendo de duas a três vezes maior em mulheres. As varizes, especialmente as de longa duração, também são consideradas doença crônica e marcam o início da insuficiência. Por isso, é importante ficar atento e não menosprezar seu aparecimento.

 

 

“Todas as varizes são o quadro inicial de insuficiência venosa crônica. Portanto, ao falar sobre varizes, estamos generalizando casos muito diversos da mesma doença, que vão desde pequenos vasinhos com pouco ou nenhum sintoma, de preocupação estética, até veias calibrosas que se associam a feridas, em um quadro evidente de IVC, interferindo sensivelmente na rotina do paciente. A IVC tem caráter benigno, mas é progressiva e cada caso deve ser acompanhado individualmente pelo profissional especializado”, explica a médica.

 

 

AVALIAÇÃO – Não há uma idade específica para a primeira avaliação sobre o risco de doenças venosas crônicas, nem exames que devam ser feitos rotineiramente. Desta forma, o cirurgião vascular deve ser consultado sempre que houver dúvida ou qualquer sintoma. Já a periodicidade no acompanhamento varia de acordo com a gravidade de cada caso, sendo estabelecida pelo médico assistente. “Um bom exame clínico, associado ao ecodoppler venoso, costuma ser suficiente. Apesar de não haver cura para a IVC, os tratamentos oferecem resultados satisfatórios”, informa a angiologista.

 

 

PREVENÇÃO E TRATAMENTO – O tratamento precoce das varizes e medidas preventivas, como a prática de atividades físicas — a exemplo de caminhadas — e a manutenção de hábitos alimentares saudáveis, são fundamentais. “Pela sua alta prevalência e relação com a hereditariedade, não podemos dizer que pacientes de vida atlética sejam imunes à IVC. Mas podemos afirmar, com toda certeza, que a atividade física e a boa alimentação são, sim, fatores protetores importantes contra a doença”, pondera Mariana.

 

 

Ainda que a maioria das varizes seja visível a olho nu, há situações em que uma veia pode se tornar varicosa sem que o paciente perceba. É o caso da safena, principal veia superficial que, quando saudável, é utilizada para refazer a circulação do coração. Por ter seu trajeto localizado poucos centímetros abaixo da pele, a safena não pode ser avaliada de modo seguro sem exames complementares, como o ecodoppler venoso, que permite a visualização das principais veias, inclusive as mais profundas, e testa seu funcionamento.