O intestino grosso é formado pelo cólon e pelo reto. O cólon divide-se em quatro partes: ascendente (situada no lado direito do abdômen), transverso (na parte superior), descendente e sigmoide (situadas no lado esquerdo do abdômen). Ele é a parte do intestino grosso que comunica o intestino delgado com o reto, sendo a porção do aparelho digestivo responsável por absorver a água, permitindo a formação do bolo fecal.

O reto, que liga o cólon ao ânus, divide-se em três partes: alto, médio e baixo. O reto alto situa-se dentro da cavidade peritoneal (membrana que reveste os órgãos abdominais). Já as porções média e baixa são extraperitoneais.

O câncer colorretal é o tumor maligno nas células originárias do intestino grosso e reto. Este tumor normalmente tem seu início na camada mucosa, onde existem pólipos adenomatosos ou áreas de displasia. Ao crescerem, essas células invadem camadas mais profundas, como a muscular e a adventícia ou serosa. Podem também chegar até os linfonodos regionais e invadir estruturas locais como bexiga, próstata e útero.

Para o Brasil, estimam-se 17.380 casos novos de câncer colorretal em homens e 18.980 em mulheres para cada ano do biênio 2018-2019. Esses valores correspondem a um risco estimado de 16,83 casos novos a cada 100 mil homens e 17,90 para cada 100 mil mulheres. É o terceiro tumor mais frequente em homens e o segundo entre as mulheres (INCA).

Quais são as principais causas e fatores de risco deste tipo de câncer?

  • Tabagismo: fumantes têm maior risco de ter câncer colorretal;
  • Dieta: alimentação rica em gorduras e calorias e pobre em fibras auxiliam no surgimento desse câncer;
  • Hereditariedade: pessoas que tenham um parente de primeiro grau com câncer colorretal correm risco duas vezes maior de desenvolver a doença. O risco é maior quando é parente de primeiro grau ou tem menos de 60 anos. Quanto mais parentes acometidos, maior o risco;
  • Síndromes genéticas: a polipose adenomatosa familiar (FAP, na sigla em inglês) e o câncer colorretal hereditário não polipose (HNPCC, sigla em inglês), também chamado de síndrome de Lynch I e II, são síndromes genéticas que carreiam alto risco para desenvolvimento do câncer colorretal;
  • Doenças inflamatórias do intestino: retocolite ulcerativa e da doença de Crohn;
  • Risco pessoal: ter tido um câncer colorretal aumenta a chance de um segundo tumor no mesmo órgão;
  • Pólipos: os pólipos podem ter risco para malignidade, a depender do tipo. A maior parte dos pólipos pode se transformar em câncer colorretal, como os adenomatosos tubulares, os tubulovilosos e os vilosos.

Quais são os subtipos deste câncer?

O subtipo do câncer colorretal se relaciona com a célula de origem do tumor. O tipo mais comum é o adenocarcinoma, originário da mucosa do intestino e responsável por 95% dos casos. Outros tipos menos frequentes são os tumores neuroendócrinos, os tumores estromais do trato gastrintestinal (GIST) e os linfomas.

Quais são as manifestações clínicas e como é feito o seu diagnóstico?

Os sintomas mais comuns do câncer colorretal são sangramentos e mudança do ritmo intestinal (diarreia alternados com prisão de ventre), dor no reto ou no abdome, diminuição do calibre das fezes — chamadas em fita — e anemia. Toda anemia em paciente com mais de 50 anos deve ser investigada com colonoscopia.

A colonoscopia é o estudo por vídeo de todo o intestino grosso e reto, permitindo identificar e realizar a biópsia de lesões na mucosa do órgão.

Quais são os principais tratamentos para a doença?

O tratamento do câncer de intestino depende do estágio em que ele se encontra. Os quatro estágios do câncer colorretal são:

  • Estágio 1: o tumor atingiu a mucosa e submucosa;
  • Estágio 2: o tumor atingiu a serosa que recobre o intestino;
  • Estágio 3: o tumor acometeu os linfonodos ao redor do intestino;
  • Estágio 4: as células tumorais migraram para outros órgãos.

Nos estágios iniciais (1 a 3), a abordagem cirúrgica é o tratamento de partida. Em alguns casos do estágio 2 e em todos os casos do estágio 3, a quimioterapia adjuvante deve complementar o tratamento.

No estágio 4, a quimioterapia é o tratamento a ser indicado para a maioria dos pacientes, podendo ser a cirurgia indicada em casos específicos. Em um grupo limitado de pacientes há a possibilidade de cura mesmo neste estágio.

O CEA é a sigla para um exame de sangue denominado antígeno carcinoembriônico. Valores elevados de CEA antes da cirurgia costumam estar associados a tumores mais agressivos. Este exame é útil na definição de prognóstico e no seguimento dos pacientes com câncer colorretal, sendo realizado a cada 3 a 6 meses após o término de tratamento.

O câncer colorretal é uma patologia com potencial de cura, desde que diagnosticado em estágios mais precoces. Para tal, devemos estar informados das indicações de rastreamento, ou seja, procura ativa pelo tumor ou pólipos em pacientes sem quaisquer sintomas.

O rastreamento para câncer colorretal deve ser feito em todos os indivíduos maiores de 50 anos, ou em casos específicos um pouco antes. O exame recomendado é a colonoscopia, que permite estudar o intestino grosso, identificar lesões pré-malignas, como pólipos adenomatosos, e tratá-los através da polipectomia, tornando esse paciente um indivíduo com possibilidades mínimas de desenvolver um câncer de intestino.

O Hospital Santa Lúcia tem um excelente time de profissionais que realiza reuniões multidisciplinares para debater os casos, a fim de alcançar as melhores estratégias para cada paciente, buscando sempre um tratamento humanizado e individualizado. A instituição conta ainda com uma excelente equipe de Enfermagem, Nutrição, Fisioterapia, Odontologia e Psicologia para melhor atender as pacientes com câncer colorretal.