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15 de January de 2019

A HUMANIZAÇÃO DO ATENDIMENTO AO PACIENTE E SUA INFLUÊNCIA NA CURA DO CÂNCER

Descobrir um câncer e tratá-lo pode provocar muitos questionamentos e medos nos pacientes. No momento em que percebe que sua saúde está fragilizada, o indivíduo precisa se preparar para os impactos físicos e psicológicos do tratamento necessário. Por isso, a humanização do atendimento é fundamental para apoiá-lo nesta jornada.
O paciente oncológico que, em algumas situações, lida com a terminalidade, passa por questionamentos e percepções sobre si que muitas vezes não são explícitos ou expressos. Ademais, ele se envolve demasiadamente com o tratamento e a doença e, frequentemente, desenvolve transtornos de humor.

Relatar e meditar sobre essas experiências, além de participar ativamente de um processo de construção colaborativa, pode ser um exercício terapêutico importante, resgatando muitas vezes significados e sentido de vida, reorganizando a própria história. O tratamento do paciente com câncer deve incluir atenção especial ao ser humano e não apenas à sua doença. Na prática, essa relação deve estimular a confiança em toda a equipe multidisciplinar de profissionais de Saúde — médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, entre outros —, buscando a empatia e respeitando os desejos e necessidades do paciente.

Ao criar uma relação de confiança com toda equipe, que precisa estar preparada para saber escutá-lo com atenção e respeitar seu momento de fragilidade, o paciente se entrega e acredita no que está sendo feito. Isso cria um ambiente positivo e nos faz crer que há um impacto importante nos desfechos da terapia adotada.

O Centro de Oncologia Santa Lúcia está se preparando para avançar na humanização do atendimento a pacientes oncológicos. Além de já termos uma equipe multiprofissional e assistencial composta por pessoas empáticas, buscamos aprimorar esse cuidado envolvendo o paciente em atividades construtivas e de troca dentro da unidade, com estímulo à reflexão e busca do autoconhecimento. O foco de cuidado deixa de ser apenas a doença e passa a ser a vida do paciente

Hoje, já temos a atuação da uma psicóloga dedicada exclusivamente aos pacientes oncológicos internados e ambulatoriais. Além disso, estamos patrocinando a autoria de um livro de uma de nossas pacientes que irá compartilhar com o mundo o seu drama, suas percepções, transformações e vitórias.

Entre nossos objetivos futuros estão a estruturação de um espaço de convivência humanizado dentro da Oncologia, palestras mensais de assuntos de enriquecimento pessoal, e incorporação de novas ações de estímulo e troca de emoções entre equipe, pacientes e acompanhantes. Buscamos uma mudança de paradigma para transformar o conceito de hospital: ele deixa de ser um ambiente de pessoas doentes para ser um espaço curativo e transformador.

Não menos importante que o cuidado do paciente é o cuidado da equipe que o assiste. Assim, estamos desenvolvendo também estratégias para criação de um ambiente cada vez mais harmônico, visando reduzir eventuais síndromes de esgotamento (burn-out), cada vez mais comuns em profissionais que lidam com doenças graves. Para o cuidado ideal ao paciente, o profissional de saúde deve saber cuidar de si mesmo e estar em harmonia.