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05 de October de 2014

83% DOS BRASILIENSES ADMITE HÁBITO ARRISCADO DA AUTOMEDICAÇÃO

Engana-se quem pensa que o fim do período da seca significa alívio para todos que vivem no clima do Cerrado. Enquanto a redução da poeira no ar dá aos pacientes com rinite alérgica a chance de voltar a respirar normalmente, esta época pode ser um tormento para os asmáticos. A temporada de chuva no DF coincide com a primavera, situação que leva aos hospitais aqueles que não toleram a proliferação de fungos e o período de polinização. Neste período aumenta o risco de automedicação e uma pesquisa do Instituto de Ciência Tecnologia e Qualidade (ICTQ), realizada em 12 capitais brasileiras, revela que 83% da população do Distrito Federal costuma se automedicar. O índice está acima da média nacional, que é de 76%. Para o otorrinolaringologista e cirurgião cervicofacial do Hospital Santa Lúcia, Jaime Siqueira, o hábito representa risco para o paciente: “Os antialérgicos com corticoide, muito usados para a sinusite, podem aumentar o risco de diabetes e hipertensão em pacientes com alguma predisposição e, por isso, não devem ser usados indiscriminadamente”. 
 
 

Em geral, tais substâncias são utilizadas durante crises ou no pós-operatório, com orientação médica e por pouco tempo. O otorrinolaringologista faz ainda outro alerta: “Remédios usados sem prescrição médica, por longo período ou com muita frequência, têm eficácia cada vez mais menor, o que exige aumento da dosagem, criando um ciclo perigoso”. Para o médico, o combate à obstrução nasal é um bom exemplo do comportamento do paciente. Nas farmácias há produtos feitos apenas com soro fisiológico, o que é o ideal para qualquer pessoa e não tem necessidade de prescrição médica. A hidratação da mucosa – tecido nasal interno – funciona como preventivo dos sintomas da alergia. “O problema é que muita gente prefere comprar remédios à base de soro, mas com medicamentos associados. Em sua maioria, são vasoconstritores – comprimem os vasos e aumentam a pressão arterial. O mais preocupante é que há quem faça uso permanente deles”, completa.

 

 

Um último alerta para quem já está habituado a apresentar o mesmo problema respiratório com regularidade é que a repetição do sintoma pode não significar crise de mesma origem: “Não adianta usar a prescrição médica antiga, comprar o mesmo remédio e ir para casa tranquilo, acreditando que economizou tempo não consultando um médico”, explica o Dr. Jaime Siqueira. Por exemplo, o corticoide usado contra a asma, sinusite e outras doenças com origem alérgica pode agravar o quadro se, naquela ocasião, o problema tenha começado com infecção por fungo, vírus ou bactéria.