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03 de July de 2018

Acidente vascular cerebral isquêmico mata 100 mil pessoas por ano no Brasil

O acidente vascular cerebral isquêmico (AVCI), também conhecido por derrame ou isquemia cerebral, mata mais de 100 mil pessoas e provoca a internação de pelo menos 180 mil pacientes no Brasil todos os anos, segundo o Ministério da Saúde.

A doença é causada pela obstrução de uma artéria — o que, como consequência, provoca a desoxigenação e a isquemia de parte do cérebro. Essa oclusão faz com que a área cerebral que era irrigada pela artéria fechada comece a morrer. “A falta de sangue oxigenado leva à isquemia que, quando não mata, deixa desde sequelas leves e passageiras a outras de maior gravidade e até mesmo incapacitantes”, revela o neurocirurgião do setor de Hemodinâmica do Hospital Santa Lúcia, Ivan Ferreira.

Ele explica que, como cada parte do cérebro tem uma função específica, os sintomas do AVCI variam de acordo com a área afetada. “Em geral, uma isquemia grande no hemisfério cerebral esquerdo leva a sintomas como perda de força no braço e perna direitos, além de dificuldade para falar. Isquemias no hemisfério cerebral direito podem levar à perda de força no braço e perna esquerdos e desorientação. Outros sintomas são a dificuldade de olhar para um dos lados, para deglutir e a impossibilidade de caminhar”, detalha o especialista.

PREVENÇÃO – À exceção da idade avançada e do histórico familiar, a maior parte dos fatores de risco para o AVC isquêmico estão relacionados ao estilo de vida. Para evitar a doença, é preciso adotar hábitos saudáveis.

“Pacientes tabagistas, hipertensos, etilistas, obesos, sedentários, diabéticos e com doenças cardíacas (principalmente arritmias) têm um risco maior de sofrerem um AVC isquêmico. Por isso, alimentar-se de forma equilibrada, não fumar, ingerir pouca bebida alcoólica e praticar exercícios físicos regularmente são recomendações que devem ser seguidas”, explica Ivan Ferreira.

Uma hora de atividade física 5 vezes por semana pode reduzir em cerca de 20% o risco de AVC. Já a adoção de uma dieta saudável, com alimentos frescos, muitas fibras e pouca gordura, sal e açúcar é responsável por outros 20% de redução do risco da doença.

Além disso, um tabagista que para de fumar apresenta, após 5 anos de cessação, risco de acidente vascular cerebral semelhante ao de uma pessoa que nunca fumou[AG1] . Reduzir a pressão arterial em torno de 10% pode significar até 40% menos risco de AVC, controlar o colesterol leva à diminuição desse risco entre 10% e 40% e tratar as arritmias cardíacas reduz o perigo de derrame em até 50%.

ACOMPANHAMENTO MÉDICO – Para pacientes sem fatores de risco, consultar o cardiologista anualmente é o ideal. Já indivíduos com hipertensão, diabetes, doenças cardíacas ou ainda os tabagistas devem visitar seu médico de confiança a cada 6 meses.

“Para pacientes acima de 40 anos de idade, a avaliação anual deve estar associada a exames complementares, como eletrocardiograma, ecocardiograma, holter, Doppler de carótidas, MAPA, teste ergométrico e exames laboratoriais. Cada caso deve ser julgado individualmente, mas esses são os exames mais importantes”, alerta o neurocirurgião.

TRATAMENTOS – O tratamento de um AVC, seja ele isquêmico ou não, demanda uma mudança nos hábitos de vida que impactam os fatores de risco: controlar a pressão arterial, reduzir os níveis de colesterol, corrigir a dieta, fazer atividade física regular, cessar o tabagismo e, quando necessário, fazer a cirurgia para correção da estenose de carótidas.

Além disso, o tratamento das arritmias cardíacas é fundamental, muitas vezes sendo necessário o uso de antiagregantes plaquetários ou anticoagulantes.

Quando se trata de AVC em fase aguda e desde que preencha determinados critérios, o paciente pode ser submetido à trombectomia, ou seja, a retirada do coágulo da artéria ocluída, ou ainda à infusão de um medicamento para ajudar a dissolvê-lo.

ATENDIMENTO NO SANTA LÚCIA – O Santa Lúcia possui uma equipe disponível 24 horas para o tratamento do acidente vascular cerebral isquêmico. No momento em que a triagem identifica o possível caso de AVC, o paciente é atendido na Sala Vermelha, espécie de UTI localizada na Emergência, por um médico que solicita os exames necessários à confirmação do diagnóstico.

Como toda a infraestrutura é integrada, as equipes da Radiologia e Neurologia são acionadas imediatamente e o paciente é submetido a exames de imagem (tomografia e/ou ressonância), feitos por profissionais altamente capacitados e com equipamentos de última geração. Essa integração e agilidade são fundamentais, já que as primeiras quatro horas de aparecimento dos sintomas são cruciais para o sucesso do tratamento e redução de possíveis sequelas.

Se o AVC for identificado, há duas opções, a depender do tamanho do vaso obstruído, da gravidade do caso e das comorbidades do paciente. “Quando a artéria ocluída é grande, o paciente é levado para a Hemodinâmica, onde é submetido a um tipo de cateterismo para retirar o coágulo da artéria. Quando a oclusão é em artérias menores, utilizamos uma medicação venosa na tentativa de dissolvê-lo”, finaliza Ivan Ferreira.