Ano novo, vida nova: praticar exercícios físicos diminui mortalidade
Todo início de ano muitas pessoas prometem levar uma vida mais saudável e até começam a fazer isso: melhoram a qualidade da alimentação, iniciam a prática de atividade física, decidem diminuir os níveis de estresse. Mas quantas permanecem focadas e realmente mudam o seu estilo de vida? Se você prometeu praticar exercícios regularmente, saiba que há excelentes motivos para cumprir seu propósito: diversos estudos científicos apontam que a atividade física contribui para reduzir a mortalidade.
Um dos mais importantes deles é o publicado pelo American Journal of Clinical Nutrition. Esse estudo revela que obesos que mudaram seus hábitos e se tornaram moderadamente ativos, ou seja, que passaram a realizar 30 minutos de atividade física de três a cinco vezes por semana, apresentaram queda de 16% a 30% na taxa de mortalidade. Ao todo, cerca de 336 mil pessoas foram observadas durante 12,4 anos, em diversos países.
Isso acontece porque o exercício, quando incorporado à rotina diária, reduz o risco de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, câncer, obesidade, problemas reumatológicos e ortopédicos, depressão e o declínio cognitivo característico das demências. Se, por um lado, exercício faz bem ao organismo, por outro, a vida sedentária não apenas não faz bem: ela faz muito mal. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o impacto nocivo do sedentarismo na saúde é comparável ao do cigarro. Com base na experiência científica acumulada, os serviços de saúde passaram a recomendar pelo menos 150 minutos semanais de atividade física moderada ou 75 minutos de atividade mais intensa.
Exercitar-se é ótimo, mas não é o bastante para manter a saúde em dia. “Seguir os seis passos recomendados pela Sociedade Brasileira de Cardiologia é fundamental: movimente-se, livre-se do cigarro, mantenha um peso saudável, conheça e monitore seus índices de pressão, colesterol, IMC e açúcar, limite a ingestão de álcool e tenha uma alimentação saudável, com frutas, vegetais, grãos integrais e peixes, por exemplo”, recomenda o cardiologista do Hospital Santa Lúcia, Fausto Stauffer.
IDADE AVANÇADA – Um outro estudo, realizado pela Universidade Harvard e publicado no final do ano passado na revista científica Circulation, mostrou que, entre mulheres saudáveis com idade avançada, as mais ativas tendem a viver mais. Foram avaliados os níveis de atividade de 17.700 mulheres com idade média de 72 anos por meio do uso de acelerômetros — aparelhos que medem com mais acurácia a intensidade dos exercícios, o número de horas dedicadas a eles e o tempo gasto em inatividade.
As participantes usaram o acelerômetro durante o dia inteiro durante uma semana típica de suas rotinas. Metade delas mulheres gastou 28 minutos diários na prática de exercícios moderados ou mais intensos, como andar em ritmo acelerado. A média diária de tempo dedicado a atividades mais leves, como o trabalho doméstico ou andar devagar, foi de 351 minutos.
De acordo com os níveis de atividade, as participantes foram divididas em quatro grupos. Na comparação com as menos ativas, as que se empenharam em exercícios mais intensos tiveram a mortalidade diminuída em 70%. Segundo os autores, mesmo as mulheres que chegaram aos 80 anos se beneficiaram da prática de exercícios mais intensos e da redução do número de horas de inatividade. Durante os dois anos da observação, 207 pacientes faleceram.