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26 de July de 2015

Barulho de trânsito e estresse aumentam o risco de acidente vascular encefálico

Quem mora em Brasília, especialmente nas cidades do entorno, sabe bem o quão estressante pode ser a rotina de deslocamento entre a casa e o plano piloto, especialmente nos horários de rush. Um estudo publicado na revista European Heart Journal mostrou que a exposição a um tráfego intenso e barulhento pode aumentar em até 4% o risco de atendimento hospitalar provocado por um acidente vascular encefálico (AVE) ou até de morte por doença cardiovascular.

 

 

“O barulho e as situações ocorridas no trânsito aumentam a carga de estresse que, por meio da liberação de hormônios, promove a elevação da pressão arterial, potencializando arritmias cardíacas. Esses picos de pressão arterial elevada são um fator de risco para o AVE”, explica o cirurgião endovascular do Hospital Santa Lúcia, Gustavo Paludetto.

 

 

De acordo com a pesquisa, realizada com 8 milhões de pessoas que viviam na grande Londres entre os anos de 2003 e 2010, os adultos que moram perto de vias barulhentas durante o dia tiveram risco aumentado de 5% de serem hospitalizados por um AVE. Dentre os idosos, esse percentual chegou a 9%. Já nas áreas barulhentas durante a madrugada, apenas as pessoas mais velhas apresentaram risco aumentado de AVE, em torno de 5%.

 

 

De acordo com o médico, os AVE compreendem as alterações isquêmicas, que podem ser de dois tipos: falta de irrigação do cérebro (isquemia) e hemorragias, popularmente conhecidas como “derrame”. Em ambos os casos, os sintomas podem variar conforme a gravidade do caso. “Os AVE podem se manifestar por dores de cabeça, tonturas, perda da fala, desvio da rima labial e paralisia de metade do corpo”, afirma Paludetto.

 

 

Caso apresente algum desses sintomas, o ideal é que o paciente procure imediatamente o atendimento neurológico especializado. “Após o começo ou quando desencadeado um AVE, inicia-se uma corrida contra o tempo, pois a lesão já está instalada. No caso do AVE isquêmico, o tempo é precioso para tentar recuperar a área do cérebro que sofre sem irrigação”, detalha o especialista.

 

 

No caso de alterações isquêmicas hemorrágicas (derrame), o tempo também é fundamental. “Descobrir e tratar a lesão que ocasionou o sangramento, inclusive com a necessidade de cirurgia para remover o coágulo, podem ser resoluções imediatas”, enfatiza.

 

 

Apesar da influência da genética e da idade para o risco de AVE, a maioria dos fatores que podem causar a doença é controlável e depende apenas da atitude do paciente. Dentre as principais recomendações estão não fumar e controlar peso, pressão arterial, arritmias cardíacas, diabetes e colesterol.

 

 

As sequelas de um AVE podem variar conforme a gravidade de cada caso. “Alguns pacientes podem sair ilesos, mas a maioria apresenta sequelas graves, com elevado grau de incapacidade e até mesmo óbito”.

 

 

Dessa maneira, o rastreamento da doença isquêmica e das doenças do coração com consultas regulares ao especialista deve fazer parte da rotina anual dos pacientes. “Os exames mais comumente realizados são os da rotina laboratorial, tais como exames de sangue, ecografias vasculares dos vasos do pescoço e do cérebro (Doppler de carótidas e transcraniano) e, caso houver necessidade, tomografias e ressonâncias.