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21 de January de 2020

Brasil é o 2º país do mundo que mais registra novos casos de hanseníase

Há muitos anos seguidos o Brasil ocupa uma posição de destaque negativo no cenário internacional: é o segundo país do mundo que mais registra novos casos de hanseníase, ficando atrás apenas da Índia, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo com dados do Ministério da Saúde, em 2018 quase 30 mil pessoas tiveram o diagnóstico da doença confirmado.

A hanseníase é uma doença crônica e altamente transmissível. Ela atinge principalmente a pele e os nervos periféricos e pode ocasionar lesões neurais, ou seja, danos graves e incapacitantes. “A infecção por hanseníase pode acometer pessoas de ambos os sexos e de qualquer idade. Entretanto, o fator de risco mais evidente é a exposição à bactéria Mycobacterium leprae, ou seja, o contato com pessoas que apresentam a doença”, explica o médico infectologista do Hospital Santa Lúcia, Werciley Júnior.

Entre os principais sintomas estão manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas em qualquer parte do corpo, com perda ou alteração de sensibilidade ao calor e frio, ao tato e à dor, que podem se localizar principalmente nas extremidades das mãos e dos pés, na face, nas orelhas, no tronco, nas nádegas e nas pernas.

Os pacientes também podem notar áreas com diminuição dos pelos e do suor; dor e sensação de choque, formigamento, fisgadas e agulhadas ao longo dos nervos dos braços e das pernas; inchaço de mãos e pés; diminuição da sensibilidade e/ou da força muscular da face, mãos e pés; úlceras de pernas e pés; nódulos no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos; febre, edemas e dor nas articulações; entupimento, sangramento, ferida e ressecamento do nariz; e ressecamento nos olhos.

TIPOS E DIAGNÓSTICO – O diagnóstico da hanseníase é essencialmente clínico e epidemiológico, realizado por meio do exame geral e dermatoneurólogico para identificar lesões ou áreas de pele com alteração de sensibilidade e/ou comprometimento de nervos periféricos, além de exame para observar a presença de bacilos de Mycobacterium leprae.

O Brasil adota a classificação de Madri, que divide a hanseníase em quatro tipos: paucibacilar, que pode ser indeterminada ou tuberculoide; e multibacilar, que pode ser dimorfa e virchowiana.

A fase inicial da doença é a forma indeterminada, e pode passar despercebida. Em geral, tem como características a presença de uma mancha branca única e ligeiramente mais clara do que a pele ao redor, com diminuição ou ausência de sensibilidade térmica e dolorosa. Já no tipo tuberculoide, a manifestação mais frequente é a placa, uma mancha elevada totalmente anestésica, ou seja, nela a pessoa não sente frio, calor, dor ou toque.

A dimorfa é a forma clínica mais comum nos pacientes com hanseníase (cerca de 70% dos casos). É caracterizada, geralmente, por várias manchas avermelhadas ou esbranquiçadas, com bordas elevadas que podem ser mal ou bem delimitadas.

Por fim, a forma virchowiana pode ser considerada a mais evoluída da doença, em que a pessoa não apresenta manchas visíveis, mas a pele fica avermelhada, seca, com inchaço e aspecto de casca de laranja. Neste caso, outros sinais podem surgir, como nódulos escuros e endurecidos e câimbras e formigamentos nas mãos e pés.

TRATAMENTOS – Atualmente, o Brasil adota um tratamento com a poliquimioterapia (PQT), uma associação de antimicrobianos recomendada pela OMS que deve ser feita em regime ambulatorial.

“O paciente comparece uma vez ao mês para tomar uma dose dos medicamentos na presença do profissional de saúde, que avalia seu estado geral, esclarece dúvidas, identifica intercorrências e disponibiliza os medicamentos que o paciente tomará em casa. O retorno às consultas acontece a cada 28 dias”, detalha Werciley Júnior. O período do tratamento depende do caso e pode variar de 6 meses a 1 ano.

“A hanseníase tem cura e seu tratamento é eficaz. Para tanto, é importante o compromisso do paciente em comparecer às consultas agendadas e tomar adequadamente os medicamentos”, finaliza o especialista.