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10 de March de 2020

Câncer colorretal: tudo que você precisa saber sobre esta doença

Entre os cânceres mais frequentes em homens e mulheres, esta doença pode ser evitada ou tratada com alta chance de cura se houver diagnóstico precoce

O câncer colorretal é aquele que surge no reto ou no intestino grosso. O tipo mais frequente é o adenocarcinoma – cerca de 95% dos casos –, mas existem outros mais raros, como tumores neuroendócrinos ou o tumor estromal gastrointestinal (GIST). Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), esse é o terceiro tipo mais frequente em homens e o segundo entre as mulheres. A estimativa é de que quase 41 mil casos novos sejam diagnosticados no Brasil no triênio 2020/2022.

De acordo com Adriana Castelo, oncologista do Hospital Santa Lúcia, o risco aumenta com a idade, sendo mais comum após os 50 anos. “Pessoas com história pessoal de pólipos ou câncer colorretal são mais propensas a desenvolver novos cânceres em outras áreas do cólon e do reto; histórico pessoal de doença inflamatória intestinal, como retocolite ulcerativa e doença de Crohn, também aumenta a chance de desenvolver câncer de intestino; história familiar de câncer colorretal em um ou mais parentes de primeiro grau, principalmente se diagnosticado antes de 45 anos, aumenta igualmente o risco”, explica.

A predisposição genética conta como risco, mas outros fatores podem contribuir para o surgimento da doença, entre eles: obesidade, sedentarismo, alimentação rica em carnes vermelhas, tabagismo e alcoolismo.

A oncologista destaca que cerca de 40% dos pacientes são diagnosticados na fase inicial, mas, para isso, é preciso realizar exames de rotina, como pesquisa de sangue oculto nas fezes, retossigmoidoscopia flexível e colonoscopia.

A pesquisa de sangue oculto nas fezes é a mais simples e funciona como uma triagem, mas uma série de cuidados devem ser tomados para sua coleta, para diminuir o risco de falso-positivo, como dieta adequada e suspensão de algumas medicações. São necessárias 3 amostras de fezes consecutivas e alguns tipos de alimentos, como carne vermelha, devem ser evitados dias antes do exame. Medicamentos como AAS e anti-inflamatórios devem ser suspensos nos 7 dias anteriores. Caso o resultado para o sangue oculto seja positivo, uma retossigmoidoscopia ou colonoscopia deverão ser realizadas.

A retossigmoidoscopia é pouco invasiva, mas só permite a visualização de uma pequena parte do intestino. O exame padrão é a colonoscopia, que possibilita a observação do interior do intestino e a realização de biópsia caso seja encontrada alguma lesão suspeita.

Após o diagnóstico, outras avaliações podem ser realizadas para verificar a extensão da doença, ou seja, se ela migrou para outros órgãos ou estendeu-se para tecidos vizinhos. Os exames complementares são a tomografia computadorizada de tórax, abdome e pelve, a ressonância magnética de abdome e pelve e/ou o PET-TC. Alguns testes de sangue também são úteis no diagnóstico, como a dosagem do antígeno carcinoembriônico (CEA).

Saiba quando se preocupar e procurar um especialista

Adriana Castelo explica que os principais sintomas são sangramento e alteração do hábito intestinal, que pode ser diarreia alternada com intestino preso. Outra alteração que pode acontecer é que as fezes podem ficar mais finas – “fezes em fita” – devido ao estreitamento causado pelo tumor. A doença pode causar dor no reto se o tumor estiver nessa localização. Sintomas como anemia, fraqueza e perda de peso podem aparecer.

O tratamento de câncer colorretal varia de acordo com a localização e a extensão do tumor, além das condições clínicas do paciente. “Para a doença localizada ou com extensão para linfonodos, a cirurgia é, frequentemente, o primeiro tratamento. Alguns pacientes, principalmente aqueles que têm comprometimentos dos linfonodos regionais, devem receber quimioterapia após a cirurgia a fim de tentar destruir as células cancerígenas restantes. Nos tumores de reto iniciais, pode-se indicar quimio e radioterapia antes da cirurgia para reduzir o tumor e melhorar o resultado da cirurgia”, esclarece.

Se a doença é avançada, isto é, o câncer estiver espalhado em outra parte do corpo, o tratamento pode incluir uma combinação de quimioterapia, terapias-alvo, imunoterapia e, eventualmente, cirurgia e radioterapia.

Previna-se

Assim como outras doenças crônicas, o diagnóstico precoce do câncer colorretal é muito importante, pois quando diagnosticado na fase inicial, as chances de cura são maiores. Adriana Castelo destaca que a taxa de sobrevida em 5 anos de pessoas com câncer colorretal localizado é de 90%, mas se o tumor se espalhar para partes distantes do corpo, ela pode cair para cerca de 14%. No entanto, para pacientes que têm apenas um ou alguns tumores que se alastraram do cólon ou reto para o pulmão ou fígado, a remoção cirúrgica desses pode eliminar o câncer, o que melhora significativamente a taxa de sobrevida em 5 anos.

“A Organização Mundial da Saúde preconiza que os países com condições de garantir a confirmação diagnóstica, referência e tratamento realizem o rastreamento do câncer do cólon e reto em pessoas acima de 50 anos por meio do exame de sangue oculto nas fezes”, explica a especialista. Ela complementa indicando que os casos positivos neste exame deverão fazer uma colonoscopia ou retossigmoidoscopia. No entanto, segundo a médica, algumas sociedades, como a americana, recomenda que o rastreamento aconteça mais cedo, com o uso da colonoscopia a partir dos 45 anos e, se normal, deve ser repetida a cada 5 anos. Para pessoas com casos na família, o rastreamento com a colonoscopia deve ser iniciado 10 anos antes de quando o caso foi diagnosticado.

Tecnologia e profissionais especializados para combater e tratar o câncer colorretal

No Centro de Oncologia do Santa Lúcia é oferecido todo o suporte, desde o diagnóstico – colonoscopia, tomografia, ressonância e PET-CT – até o tratamento com todas as modalidades, com quimio e radioterapia entre as mais frequentes.

A oncologista deixa um recado importante. “É fundamental conhecer a sua história familiar. Manter o peso corporal adequado, praticar exercício físico, assim como ter uma alimentação saudável, são fundamentais para a prevenção do câncer de intestino. E não se esquecer de realizar os exames de rastreamento recomendados”, destaca.