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21 de April de 2020

Casos de dengue aumentam em meio à pandemia de Covid-19

O clima úmido, com chuva e calor, é ideal para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. O número de casos da doença tem aumentado vertiginosamente no Distrito Federal. Até 21 de março, o total de registros de infectados chegava a 15.453, com duas mortes.

Assim como a Covid-19, a dengue é uma doença viral que provoca inflamações e muito desconforto e, em quadros mais graves, pode levar o paciente à morte. Por isso, convidamos o médico Luciano Lourenço, coordenador-geral da Emergência do Hospital Santa Lúcia, para explicar as semelhanças e diferenças entre as duas doenças e os riscos de contrair ambas ao mesmo tempo.

Leia a entrevista e compartilhe conhecimento.

1 – Os sintomas de dengue podem ser confundidos com os de Covid-19? Como? Por quê?

Os sintomas da dengue incluem muitas dores nas articulações, dores musculares difusas, febre e rush cutâneo (pintas vermelhas na pele), além de problemas do trato intestinal, como diarreia.

Alguns desses sintomas, como a febre, podem se manifestar igualmente na Covid-19. Todavia, nesse último caso, os sinais mais presentes são associados às vias respiratórias – ou seja, tosse seca e falta de ar.

A tosse e falta de ar são muito mais comuns na Covid-19 do que na dengue, e a diarreia, por exemplo, é muito mais encontrada na dengue do que na Covid-19.

2 – A Covid-19 é mais grave em pacientes com dengue e vice-versa? Por quê?

As duas doenças são virais e muito inflamatórias. Sem sombra de dúvidas, um paciente que tem dengue e se contamina com Covid-19 tem mais chances de sentir sinais de agravamento da doença. O contrário também é verdadeiro e uma pessoa com Covid-19 que é contaminada pelo vírus da dengue tende a ter inflamações, sintomas e complicações com mais facilidade.

3 – Como o paciente pode agir nesse período caso suspeite de uma das duas doenças?

Os sintomas comuns das duas doenças são febre, dor nas articulações e dor muscular. O paciente deve procurar atendimento médico para fazer uma avaliação quando esses sinais se tornam mais persistentes, se ele perceber que estão piorando. O médico vai diferenciá-los e fechar o diagnóstico com apoio de exames laboratoriais e/ou de imagem.

4 – Como se dá o atendimento a esse perfil de pacientes na Emergência do Santa Lúcia?

O Santa Lúcia se preparou de forma robusta para o atendimento a pacientes com sintomas de Covid-19. Nós, felizmente, tivemos aqui, no Distrito Federal, medidas de isolamento social que estão trazendo bons frutos.

Como não apresentamos um crescimento rápido do número de casos, tivemos tempo de nos organizar e criar fluxos de atendimento para evitar o contato de pacientes com suspeita de Covid-19 e outros com diferentes tipos de queixas.

Não só a nossa estrutura física está pronta, mas todos os profissionais estão muito bem treinados para realizar o atendimento de forma extremamente objetiva.

É importante ressaltar que os diagnósticos de dengue têm aumentado muito, o que nos mostra que precisamos fortalecer as medidas preventivas contra a proliferação do mosquito Aedes aegypti, especialmente no período de chuva e calor, junto à população.

5 – Algo que gostaria de acrescentar?

A Covid-19 é transmitida por secreções respiratórias (espirro, na fala, na tosse) do indivíduo contaminado que entram em contato com mucosas (olho, boca, nariz) da pessoa não contaminada.

Por isso o isolamento social é tão importante, assim como a higienização das mãos com água e sabão (ou álcool em gel quando não houver a possibilidade de lavar), além do cuidado ao tocar superfícies que possam trazer secreções com o vírus, como maçanetas, corrimões e objetos de uso comum.

Também é fundamental o uso de máscaras, especialmente por pessoas com sintomas de Covid-19, para evitar que as gotículas com o vírus se espalhem.

Já no caso da dengue, que é transmitida pela picada do mosquito, é importante não deixar que água parada se acumule sem proteção (cobertura) em hipótese alguma.