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16 de January de 2020

Casos de dengue no DF preocupam; saiba como se prevenir

Até novembro de 2019, mais de 50 mil pessoas foram diagnosticadas com a doença

O calor e o período chuvoso são ideais para a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor de dengue, zika e chikungunya. No Distrito Federal, as chuvas intermitentes e as altas temperaturas podem contribuir para a elevação do número de casos da doença.

Em 2019, mais de 50 mil pessoas tiveram o diagnóstico de dengue confirmado, segundo a Secretaria de Saúde do DF, e pelo menos 48 indivíduos contaminados morreram. Por isso, é fundamental conhecer e adotar todas as medidas preventivas.

Para falar sobre os riscos da dengue e os cuidados necessários, especialmente nesta época de verão, convidamos o infectologista do Hospital Santa Lúcia, Werciley Júnior. Leia a entrevista e compartilhe conhecimento.

1. Quais os sintomas da infecção por dengue?

Os principais sintomas da dengue são febre alta (maior que 38,5º C), dores musculares intensas, dor ao movimentar os olhos, mal-estar, falta de apetite, dor atrás dos olhos e manchas vermelhas pelo corpo. São sinais de alarme dor abdominal intensa e contínua ou dor à palpação do abdome, vômitos persistentes, acumulação de líquidos (ascites, derrame pleural, derrame pericárdico), sangramento de mucosa ou outra hemorragia, aumento progressivo do hematócrito e queda abrupta das plaquetas.

2. Quais as principais diferenças em relação a outras doenças como zika e chikungunya?

Dengue, zika e chikungunya são três infecções transmitidas pelos mesmos vetores, os mosquitos Aedes aegypti e o Aedes albopictus. Elas possuem sintomas parecidos, mas algumas características podem ajudar a diferenciá-las.

3. E como é feito o diagnóstico? Há teste rápido?

O diagnóstico da dengue é clínico e feito por um médico. É confirmado com exames laboratoriais de sorologia, de biologia molecular e de isolamento viral ou confirmado com teste rápido (usado para triagem).

4. Existem perfis populacionais de maior risco para a infecção?

O risco para infecção está associado às áreas com presença do mosquito Aedes aegypti. Porém existem populações mais suscetíveis a apresentar sintomas graves, como as crianças, idosos, gestantes e pessoas com baixa de imunidade, a exemplo de pacientes oncológicos.

5. É possível pegar o mesmo tipo da doença mais de uma vez? Quando se teve um tipo e se pega outro, a tendência é desenvolver um quadro mais grave?

É possível ser infectado por dengue várias vezes, pois após uma infecção o corpo tem proteção apenas para o subtipo já adquirido. Existe uma tendência maior a quadros graves após uma primeira dengue, mas a gravidade tem relação direta com o subtipo viral.

6. Existe tratamento para a infecção ou apenas para os sintomas?

Não existe tratamento específico para a dengue. A assistência em saúde é feita para aliviar os sintomas. Estão entre as formas de tratamento fazer repouso, não tomar medicamentos por conta própria e hidratar-se por via oral (beber água) ou intravenosa (com uso de soro, por exemplo). O tratamento é feito para aliviar os sintomas, sempre de acordo com avaliação do profissional de saúde, conforme cada caso.

7. Uma epidemia de dengue no Brasil é possível? Quais os dados mais recentes?

No Distrito Federal, a Secretaria de Saúde registrou 50.464 casos suspeitos de dengue até a semana epidemiológica 44 de 2019, dos quais 48.847 (96,80%) são de residentes no Distrito Federal e 1.617 (3,20%), de outros estados. Esses dados demonstram a existência de uma epidemia de dengue, com grande possibilidade de aumentos dos casos no verão 2019-2020.

8. Como preveni-la?

A melhor forma de prevenção da dengue é evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti, eliminando água armazenada em locais que podem se tornar criadouros da doença, como vasos de plantas, galões de água, pneus, garrafas plásticas, piscinas sem uso e sem manutenção e até mesmo em recipientes pequenos, como tampas de garrafas. No dia a dia, o uso de repelentes também é indicado.

9. Como o Santa Lúcia está preparado para diagnosticar e tratar pacientes com dengue?

No Hospital Santa Lúcia temos um protocolo de reconhecimento da doença. Além disso, estamos equipando a Emergência com testes rápidos de detecção e alinhados ao plano de contingência e enfrentamento da dengue, juntamente com a Secretaria de Saúde.