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25 de April de 2019

Chegada da menopausa aumenta risco de doenças cardiovasculares

As mudanças hormonais, circulatórias e sanguíneas provocadas no organismo da mulher a partir da chegada do período da menopausa aumentam o risco de doenças cardiovasculares. Uma das razões para isso é a diminuição na produção de estrógeno, hormônio com função vasodilatadora que ajuda a evitar o acúmulo do LDL (colesterol ruim) nos vasos sanguíneos.

Para falar mais sobre a saúde cardiovascular feminina, especialmente nas mulheres que já chegaram à menopausa, convidamos a Dra. Anna Paola Barbosa Pereira, coordenadora da Cardiologia, médica assistente da Enfermaria de Cardiologia e médica plantonista da Unidade Coronariana do Hospital Santa Lúcia Norte (HSLN).

1. O risco de doenças vasculares aumenta com a chegada da menopausa. O que acontece no organismo para isso?
No período do climatério ocorrem diversas modificações hormonais, circulatórias e sanguíneas na mulher que favorecem a progressão de doenças cardiovasculares. Além do envelhecimento natural e da alteração do perfil metabólico nessa faixa etária, fatores como o descontrole do diabetes, sedentarismo, tabagismo, hipertensão arterial, falta de atividade física regular e sobrepeso aumentam a incidência dessas doenças. Outro fator que contribui para a sua ocorrência é a redução dos níveis de estrógeno durante a menopausa, visto que o mesmo possui função vasodilatadora, evitando o acúmulo do LDL (colesterol ruim) e facilitando o HDL (colesterol bom).

2. Que doenças cardiovasculares são mais comuns nas mulheres após a menopausa?
De acordo com dados do Ministério da Saúde, as doenças cardiovasculares mais comuns entre mulheres com mais de 50 anos de idade são o infarto e o acidente vascular cerebral (AVC). Segundo a I Diretriz Brasileira sobre Prevenção de Doenças Cardiovasculares em Mulheres Climatéricas e a Influência da Terapia de Reposição Hormonal da Sociedade Brasileira de Cardiologia e da Associação Brasileira do Climatério, considerando mulheres da mesma faixa etária, a ocorrência de doença arterial coronariana é de duas a três vezes maior após a menopausa do que durante a pré-menopausa. Entre os 45 e os 64 anos, uma em cada nove mulheres tem alguma forma de doença cardiovascular e, após os 65 anos, essa relação passa para uma em cada três mulheres. Além disso, quanto maiores os fatores de risco presentes (por exemplo, tabagismo, dislipidemia, sedentarismo, sobrepeso e diabetes), maiores serão as chances de eventos cardiovasculares.

3. Como as doenças cardiovasculares atingem as mulheres brasileiras?
As doenças cardiovasculares são a principal causa de mortalidade em mulheres no Brasil, sobretudo após os 50 anos de idade. Apesar do risco de câncer de mama ser a principal preocupação feminina, 53% das mulheres brasileiras morrem em decorrência de doenças cardiovasculares em comparação aos 4% do câncer de mama. De acordo com o Ministério da Saúde, a taxa anual de mortalidade de mulheres decorrente de doenças cardiovasculares chega a 300 mil. Em níveis mundiais, segundo a Organização Mundial de Saúde, doenças cardiovasculares são responsáveis por 1/3 de todas as mortes de mulheres, o equivalente a cerca de 8,5 milhões de óbitos por ano, mais de 23 mil por dia.

4. O que é preciso fazer ao longo da vida para minimizar os riscos de doenças cardiovasculares quando a menopausa chega?
Várias recomendações clínicas podem ser citadas para a prevenção de doenças cardiovasculares em mulheres: evitar o tabagismo; realizar, pelo menos, 30 minutos de atividade física moderada, de 5 a 7 dias na semana; ingerir uma dieta rica em frutas, fibras, hortaliças, frango e peixe; reduzir a ingestão de carne vermelha, doces e bebidas com açúcar; limitar a ingestão de álcool a 1 dose (15 g) por dia; ingerir ácidos graxos ômega 3 como terapia adjuvante na hipertrigliceridemia; controlar o peso (IMC < 25 kg/m2 até 65 anos e IMC < 27 kg/m2 após 65 anos); controlar a circunferência abdominal (inferior a 80 cm); reduzir o consumo diário de sal (máximo de 5g/dia); e considerar a hipótese de diagnóstico e referência para possíveis casos de depressão.

5. Após a menopausa, que novos cuidados devem ser tomados ou quais devem ser reforçados? Como?
Além de obedecer às recomendações anteriores referentes ao estilo de vida, atividade física, dieta, tabagismo e consumo de álcool, a terapia de reposição hormonal (TRH) normalmente é considerada para o alívio dos sintomas climatéricos, conservação da massa óssea, melhoria do bem-estar e da sexualidade e proteção contra a perda do colágeno. Apesar de existirem evidências de benefícios cardiovasculares quando a TRH é iniciada na transição menopáusica ou nos primeiros anos de pós-menopausa, ainda são necessários novos estudos especificando-se o tempo de pós-menopausa decorrido, a dose de hormônios, a formulação terapêutica e as vias de administração empregadas. Portanto, a TRH deve ser realizada de forma adequada e após avaliação médica individualizada.

6. Quais os principais fatores de risco para doenças cardiovasculares em mulheres de forma geral?
De modo geral, os principais fatores de risco para doenças cardiovasculares em mulheres englobam tabagismo, dislipidemia, sedentarismo, sobrepeso ou obesidade, síndrome metabólica, diabetes mellitus e hipertensão arterial, além de histórico familiar positivo para doença coronária prematura.

7. Com que frequência as mulheres devem procurar o cardiologista?
Caso não haja fatores de risco, a primeira consulta ao cardiologista deve ser feita aos 50 anos de idade, conforme I Diretriz Brasileira sobre Prevenção de Doenças Cardiovasculares em Mulheres Climatéricas e a Influência da Terapia de Reposição Hormonal da Sociedade Brasileira de Cardiologia e da Associação Brasileira do Climatério. Após essa idade, recomenda-se que as consultas sejam feitas anualmente, com a realização de exame físico e exames laboratoriais e de imagem, conforme suspeita clínica. Além disso, praticantes de corridas intensas e de outras atividades de alta performance precisam visitar o cardiologista semestralmente. Entretanto, independentemente da idade, deve-se procurar o cardiologista caso a paciente sinta cansaço desproporcional e falta de ar ao realizar esforços, desmaios, dores no peito durante atividade física ou batimentos cardíacos irregulares.

8. E as que possuem fatores de risco?
Caso a paciente apresente fatores de risco para doenças cardiovasculares (hipertensão, diabetes, tabagismo, obesidade, colesterol alto, histórico familiar precoce de coronariopatia, dentre outros) ou faça uso de anticoncepcionais, a primeira visita ao cardiologista deve ser feita antes dos 30 anos de idade. Após os 40 anos, as consultas devem ser feitas anualmente, com a realização de exame físico, atualização de história médica, exames laboratoriais pertinentes e investigações de imagem para adequada estratificação cardiovascular, além de uma discussão quanto ao estilo de vida da paciente, com estímulo a hábitos de vida saudáveis.

9. Como o Santa Lúcia está preparado para atender a pacientes cardiovasculares?
O Hospital Santa Lúcia (Grupo Santa) oferece estrutura completa para diagnóstico, prevenção e tratamento das diversas patologias relacionadas a eventos cardiovasculares. Possui corpo clínico qualificado, com uma equipe capacitada de cardiologistas clínicos, arritmologistas, hemodinamicistas, cardiologistas intensivistas e cirurgiões cardíacos e vasculares. A Emergência 24 Horas está preparada para atender complexidades clínicas e cirúrgicas, com gerenciamento de grandes protocolos como dor torácica e AVC. As unidades da rede Grupo Santa dispõem também de exames de imagem de alta complexidade, como angiotomografia de coronária, ressonância miocárdica, unidade hemodinâmica e análises clínicas. Contamos com UTI Coronariana com capacidade para 10 leitos, prezando pelo cuidado humanizado, e com uma unidade de internação cardiológica composta por equipe treinada para atender à demanda de pacientes cardiológicos, com apartamentos individuais em ambiente planejado e acolhedor. Há também ambulatório com várias especialidades para o cuidado interdisciplinar e um espaço dedicado à Cardiologia, com consultórios amplos e salas de exames para realização de ecocardiograma transtorácico, ecocardiograma transesofágico bidimensional e 3D, doppler de carótidas e vertebrais, MAPA, holter de 24 horas, teste ergométrico e avaliação de marca-passo.