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03 de September de 2019

Diabéticos têm 3 a 4 vezes mais chances de desenvolver problemas cardiovasculares graves

O diabetes é uma doença crônica na qual o corpo não produz insulina – hormônio que controla a quantidade de glicose no sangue – ou não consegue empregar adequadamente a insulina que produz. O corpo precisa desse hormônio para utilizar como fonte de energia a glicose obtida por meio dos alimentos.

Quando a pessoa tem diabetes, o nível de glicose no sangue fica alto e, se permanecer assim por longos períodos, pode provocar danos em órgãos, vasos sanguíneos e nervos.

Para falar sobre como o diabetes sem controle pode prejudicar a saúde do coração, convidamos o coordenador da Cardiologia dos hospitais do Grupo Santa — Santa Lúcia Sul, Santa Lúcia Norte e Maria Auxiliadora (Gama), o médico cardiologista Frederico Abreu.

1 – De que forma o diabetes influencia a ocorrência de doenças cardíacas?

Nas pessoas que são diabéticas, a formação de placas de gordura nas paredes das artérias (aterosclerose) é mais acelerada, levando à sua obstrução e causando doenças cardíacas, como o infarto agudo do miocárdio. Indivíduos diabéticos apresentam risco aumentado de três a quatro vezes de sofrer evento cardiovascular e o dobro do risco de morrer deste evento quando comparados à população geral.

2 – Quais as principais doenças cardíacas potencializadas pela presença do diabetes?

Principalmente as relacionadas com o processo de aterosclerose, como a angina do peito, o infarto agudo do miocárdio e a insuficiência cardíaca. Se estendermos às doenças cardiovasculares, podemos citar também o acidente vascular cerebral (AVC), as doenças da aorta, como a dissecção aórtica, e outras enfermidades dos vasos sanguíneos. O diabetes também pode provocar cegueira, insuficiência renal e até mesmo demandar a amputação de pés e pernas.

3 – Há diferença nas ocorrências de doenças cardíacas entre pessoas que portam diabetes tipos 1 e 2? Quais? Por quê?

Ambas predispõem ao aumento da formação de placas de gordura nas artérias. Como o tipo 1 se apresenta mais precocemente, acometendo principalmente jovens e crianças, esses indivíduos acabam ficam expostos ao diabetes por mais tempo de vida. Isso faz com que as doenças cardiovasculares apareçam mais precocemente na vida da pessoa com diabetes tipo 1 do que com tipo 2.

O diabetes tipo 1 concentra de 5 a 10% do total de pessoas com essa condição. Ela é uma doença autoimune porque faz com que o sistema imunológico ataque as células beta. Dessa maneira, pouca ou nenhuma insulina é liberada para o organismo e a glicose, então, não é absorvida pelas células.

Já o diabetes tipo 2 representa 90% dos casos e a maior parte das pessoas diagnosticadas é adulta, apesar de haver casos também entre as crianças. Ela surge quando o organismo não consegue usar de forma correta a insulina que produz ou quando o organismo não fabrica hormônio suficiente para conseguir controlar a glicemia. Fatores genéticos podem desencadear o diabetes tipo 2, mas o mais comum envolve casos de pessoas acima do peso e com má alimentação.

4 – O que o paciente com diabetes deve fazer para evitar a ocorrência de doenças do coração?

O controle adequado da glicemia e dos fatores de risco normalmente associados a essa doença, como o colesterol alto, a obesidade, a pressão alta, o sedentarismo e a má alimentação.

5 – Que tipo de acompanhamento médico é necessário?

O paciente diabético precisa de um controle rigoroso, com consultas médicas ao endocrinologista e ao cardiologista, realização de exames de rotina (laboratoriais, de imagem – como ecocardiograma, Doppler de carótidas e vertebrais – e teste ergométrico), mesmo sem nenhum sintoma, com o objetivo prevenir eventos futuros indesejáveis.

A frequência às consultas e exames tem que ser individualizada, de acordo com a situação de cada paciente. Para os bem controlados, a cada 6 meses é o suficiente. Já os que estão precisando de ajustes mais frequentes precisam ser revistos a cada 2 meses ou menos. A depender da situação, pode ser preciso até mesmo fazer a internação hospitalar.

6 – Como o Santa Lúcia está preparado para atender a pacientes diabéticos ou potencialmente diabéticos e prevenir entre eles a ocorrência de doenças cardiovasculares relacionadas?
O Santa Lúcia dispõe de atendimento cardiológico e de clínica médica na Emergência 24 Horas. Na internação, contamos com equipe multidisciplinar com cardiologistas, endocrinologistas, cirurgiões vasculares, geriatras, nutrólogos e nutricionistas, além de fisioterapeutas, para dar um atendimento global e assertivo para esse paciente que precisa de cuidados mais intensivos.

Dispomos de toda infraestrutura em exames laboratoriais, exames de imagem, como tomografias e ressonâncias, exames de ultrassonografia e ecocardiograma, hemodinâmica com exames de diagnóstico, tratamento invasivo quando necessário e terapia intensiva nos casos mais graves.

Ambulatorialmente, contamos com um corpo clínico competente e métodos de investigação ambulatorial na especialidade (ecocardiograma, holter, MAPA, teste ergométrico, Doppler de carótidas e vertebrais, tilt-test). Podemos encontrar também no ambulatório todas as outras especialidades mencionadas para o adequado controle do paciente diabético e suas comorbidades.