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30 de August de 2015

Equipe exclusiva de terapia intravenosa aumenta segurança e evita infecções em pacientes

A administração precisa e segura de medicamentos é fundamental na recuperação de pacientes. Caso seja feita por via intravenosa e por um longo período de tempo — como no caso de internados em unidades de terapia intensiva (UTI), aqueles com infecções mais agudas, os que recebem acompanhamento em casa (home care) e os em tratamento de câncer (oncológicos) —, ela demanda ainda mais cuidados e pode fazer muita diferença na qualidade de vida do indivíduo.

Por isso, o Hospital Santa Lúcia criou, há quase dois anos, um time de profissionais de enfermagem especializado na chamada terapia intravenosa (TIV), técnica que utiliza cateteres venosos periféricos e centrais para a administração de medicamentos e soluções. Dedicada à prevenção da infecção primária de corrente sanguínea, a equipe começou a atuar em janeiro de 2014 e é, até hoje, a única do Centro-Oeste exclusivamente voltada à instalação do cateter central de inserção primária (PICC, na sigla em inglês).

A necessidade de infusão de medicamentos por longos períodos gera grande estresse tanto para o paciente quanto para sua família. Assim, a colocação correta, a higienização permanente e o cuidado adequado com o PICC trazem mais conforto e segurança. Com o trabalho de uma equipe dedicada, os ganhos são enormes, como explica o médico infectologista Werciley Júnior, chefe da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Santa Lúcia.

“Conseguimos evitar que o paciente tenha necessidade de diversas punções venosas durante sua internação; garantir que medicação infundida no acesso não extravase para debaixo da pele, evitando hematomas ou lesões; otimizar o cuidado para controle de infecções e trazer bemestar ao paciente, permitindo em casos específicos a saída precoce do hospital com acesso seguro”, enumera o especialista. O PICC facilita a alta para continuidade do tratamento em casa na medida em que o próprio paciente é treinado pelo time do hospital para desempenhar o autocuidado e manter o dispositivo sempre higienizado.

Segundo a enfermeira do Hospital Santa Lúcia, Viviane Gusmão, a dedicação exclusiva da equipe de enfermagem à terapia intravenosa, com a avaliação contínua e educação dos pacientes, melhora tanto a qualidade de vida dos pacientes que o trabalho tem sido reconhecido não apenas dentro do Santa Lúcia, mas também por outras instituições.

Prova disso é que, além de treinar profissionais do próprio Hospital, a equipe de cinco enfermeiras, das quais uma é coordenadora, oferta treinamento também para profissionais e pacientes de outras unidades, como clínicas oncológicas e de infectologia, além de pacientes em home care.

“Não há período de tempo pré-estabelecido para que o paciente permaneça com o PICC. Assim, o mesmo cateter poderá ser utilizado durante todo o tratamento, desde que bem cuidado. É justamente nesse aspecto que entram as atividades do time quanto à educação desse paciente, seus familiares e cuidadores e o corpo de enfermagem. Um paciente bem orientado desenvolve o autocuidado e a possibilidade de exigir maior zelo com seus dispositivos e seu tratamento”, explica Viviane.

O treinamento contínuo, com discussões de dados epidemiológicos e estudos de caso, a publicação de trabalhos científicos e a participação em congressos especializados fazem parte dos investimentos que o Hospital Santa Lúcia realiza em educação permanente para o time de terapia intravenosa, que atende desde recém-nascidos até idosos, em especialidades como oncologia, terapia intensiva e infectologia.

Todo o trabalho do time de terapia intravenosa é feito a partir de um protocolo que define e padroniza os critérios de indicações e contraindicações na instalação dos cateteres. O time do Santa Lúcia foi construído segundo as diretrizes da Infusion Nursing Society (INS/EUA) adaptadas à realidade brasileira, utilizando como base a experiência do Hospital Albert Einstein.

Para maior segurança, 100% das punções são realizadas com a utilização de ultrassom venoso, que facilita o procedimento e o torna mais preciso. O equipamento auxilia a visualização da rede venosa em tempo real, permite que o enfermeiro tenha certeza da permeabilidade do vaso e o conduz à escolha de outro local de punção, sem inserções desnecessárias.

“Recentemente, tivemos um caso de uma jovem com câncer de mama metastático em tratamento quimioterápico que desenvolveu uma grave infecção com necessidade de múltiplas intervenções médicas. Ela apresentava, quando admitida no hospital, um importante distúrbio de coagulação sanguínea, o que aumentava o risco de alguma complicação caso não tivéssemos disponível o time habilitado para a passagem do PICC”, exemplifica o médico intensivista do hospital Santa Lúcia, Alberto Ferreira.