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05 de March de 2020

Esportes de alto impacto podem causar incontinência urinária

Se você convive com este problema, a boa notícia é que há tratamento. Nesta matéria, saiba como prevenir e combater a incontinência.

Alguns problemas de saúde não afetam apenas o corpo e a qualidade de vida das pessoas, mas também sua autoestima. É o caso da incontinência urinária, que consiste na perda involuntária de urina. Muito frequente, ela pode acometer homens e mulheres de todas as idades e apresentar variadas causas, desde fraqueza na musculatura da região até problemas funcionais causados por doenças neurológicas como AVC e Alzheimer.

Uma dessas causas pode ser a prática de esportes de alta performance. De acordo com Bruno Oliveira, urologista do Hospital Santa Lúcia, estudos sobre esse tema são muito recentes, mas suficientes para evidenciar que a prática de atividades físicas e esportivas constituídas de exercícios que exijam muito esforço e alto impacto pode levar ao desenvolvimento de incontinência urinária.

“Alguns exercícios geram alto impacto ou aumento da pressão intra-abdominal e podem alterar o mecanismo de continência pela grande força transmitida ao esfíncter urinário e músculos pélvicos. Por exemplo, estudos relacionam a incontinência urinária em atletas nulíparas (que nunca tiveram filhos) à absorção da força do impacto que algumas atividades provocam”, explica Oliveira.

Exercícios físicos de alto impacto, como musculação, crossfit, vôlei, futebol e até mesmo corrida, podem comprometer os mecanismos de sustentação, suspensão e contenção da musculatura pélvica, que sofre sobrecarga intensa e repetida, promovendo o enfraquecimento do assoalho pélvico. “Durante essas atividades, que geralmente envolvem saltos e contração muscular, os órgãos internos causam muita pressão na bexiga”, destaca o urologista.

A incontinência urinária aparece mais frequentemente em pessoas do sexo feminino e acomete tanto aquelas na quinta ou sexta década de vida quanto mulheres jovens. “A mulher está mais suscetível ao problema por ter a uretra mais curta que o homem e por possuir duas falhas naturais na musculatura do assoalho pélvico – o hiato vaginal e o hiato retal, diferentemente dos homens, que apresentam apenas o orifício retal. Isso faz com que a dinâmica da pelve feminina seja mais delicada e os aparelhos esfincterianos, bastante diferentes nos dois sexos”, afirma o médico.

No entanto, o especialista alerta que existem exercícios que podem ajudar as mulheres a fortalecerem a musculatura pélvica, como os criados pelo médico Arnold Kegel na década de 1950 (veja final da matéria).

Uma boa notícia: há tratamento!

O tratamento da incontinência urinária depende do tipo, da gravidade e da causa subjacente. Em alguns casos, pode ser necessária uma combinação de tratamentos, mas, de uma forma geral, ele inclui mudanças comportamentais e de estilo de vida, como evitar excesso de líquidos, realizar micções periódicas e tratar obstipação e outros problemas clínicos como diabetes e obesidade. “Também pode-se incluir a fisioterapia para o assoalho pélvico e bexiga. Existem igualmente medicamentos com ótima eficácia, notadamente para casos de incontinência de urgência em homens com problemas prostáticos”, complementa o urologista do Hospital Santa Lúcia.

Em casos mais complexos ou que não tiveram boa resposta ao tratamento conservador, vários tipos de procedimentos cirúrgicos podem ser oferecidos, geralmente por meio de cirurgias minimamente invasivas, isto é, de baixo risco e rápida recuperação. Destacam-se os tratamentos atuais da incontinência urinária em mulheres por meio da colocação de fina faixa sob a uretra (chamada cirurgia de sling), a aplicação da toxina botulínica na bexiga para casos de incontinência de urgência e o implante de um marca-passo da bexiga (neuromodulador). Nos homens com incontinência urinária de esforço (na maioria das vezes após cirurgia de próstata), as cirurgias de sling ou implante de esfíncter artificial podem ser opções eficazes.

Alerta: a incontinência urinária pode indicar a presença de doenças mais graves

Segundo Bruno Oliveira, várias doenças podem se manifestar com o sintoma de incontinência urinária, desde patologias benignas, como infecção urinária, hiperplasia prostática benigna e bexiga hiperativa, até patologias malignas, como os câncer urológicos (principalmente de próstata e bexiga). Algumas doenças neurológicas também podem cursar com incontinência urinária, como Parkinson, Alzheimer, AVC e esclerose múltipla.

O Hospital Santa Lúcia conta com uma equipe altamente especializada e multidisciplinar para avaliar e tratar o paciente com incontinência urinária. Médicos ginecologistas e urologistas, fisioterapeutas e psicólogos estão disponíveis em todas as unidades, oferecendo todas as modalidades terapêuticas para o tratamento adequado.

Saiba mais as principais causas de perda urinária em adultos

• Fraqueza do esfíncter urinário ou músculos pélvicos (chamada incompetência da saída da bexiga);
• Alguma obstrução do trajeto de saída da urina da bexiga (obstrução infravesical, como a hiperplasia prostática benigna);
• Espasmo ou superatividade dos músculos da parede da bexiga (algumas vezes chamada de bexiga hiperativa);
• Fraqueza ou hipoatividade dos músculos da parede da bexiga (atrofia ou hipotrofia do detrusor);
• Coordenação ruim dos músculos da parede da bexiga com o esfíncter urinário (dissinergia vesicoesfincteriana);
• Aumento no volume de urina;
• Problemas funcionais (bexiga neurogênica, causada por doenças neurológicas como AVC, Parkinson e Alzheimer).

Para as mulheres: aprenda exercícios para evitar e combater a incontinência urinária

Os exercícios mais conhecidos para a prevenção e tratamento da incontinência urinária de esforço são aqueles criados e popularizados pelo Dr. Arnold Kegel na década de 1950. O ginecologista norte-americano utilizou pela primeira vez cientificamente os exercícios de fortalecimento da musculatura pélvica a fim de melhorar os mecanismos de continência urinária.

Exercício 1: A mulher deve contrair a uretra por 5 segundos e relaxar 10. Este exercício pode ser feito em qualquer lugar. Na primeira semana, a recomendação é fazer 10 repetições todos os dias. A cada nova semana, inclui-se mais 10 repetições. Caso a mulher não saiba como contrair a uretra, ela pode, enquanto está urinando, prender o xixi e depois liberá-lo.

Exercício 2: Sentada sobre uma bola de pilates, a mulher deve se movimentar para frente e para trás. Serão 10 repetições, 2 vezes ao dia, durante a primeira semana. Nas demais, a quantidade de repetições pode ir aumentando gradativamente, de 10 em 10.

Exercício 3: Deitada com as mãos na lateral do corpo, a mulher deve flexionar os joelhos e levantar o bumbum, até que o corpo forme um triângulo, depois abaixar o bumbum lentamente. Devem ser feitas 10 repetições, 2 vezes ao dia, durante a primeira semana. Nas demais, a quantidade de repetições pode ir aumentando gradativamente, de 10 em 10.