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08 de August de 2019

Estilo de vida é fator determinante para o desenvolvimento de fadiga crônica

Você não está doente, mas mesmo assim se sente cansado, desgastado, sem energia. O fim de semana de descanso já não é o suficiente para iniciar bem a semana de atividades e a segunda-feira parece insuportável porque você continua sem forças para retomar a rotina. Você pode estar sofrendo com um problema cada vez mais comum entre as queixas nos consultórios médicos: a fadiga crônica.

A fadiga é chamada de crônica quando está presente por mais de 30 dias sem associação a doenças que podem provocar cansaço e exaustão, como insuficiência cardíaca, renal ou hepática e infecção pulmonar, entre outras. “Ela é um processo, não acontece de um dia para o outro e permanece mesmo após momentos de descanso, atrapalhando atividades que até pouco tempo o indivíduo realizava normalmente. É nessa etapa que o paciente precisa se preocupar e procurar ajuda”, orienta o coordenador da Emergência do Hospital Santa Lúcia, Luciano Lourenço.

Segundo o especialista, um dos fatores de preocupação mais evidente é a queda no rendimento laboral. Além disso, a diminuição na qualidade das relações sociais e familiares, além da instalação de doenças físicas e mentais são importantes sinais de alerta porque, em geral, pessoas com fadiga crônica apresentam um padrão imunológico mais baixo, que facilita a instalação de infecções respiratórias, gastrointestinais e urinárias (essa última mais comum em mulheres), além de ansiedade e até depressão.

“Eu diria que a combinação de elementos relacionados às escolhas de vida, ao perfil psicológico do indivíduo, às circunstâncias do momento e ao consumo de substâncias químicas é determinante porque gera um efeito dominó. Quando desorganizados, esses fatores podem prejudicar o sono, estimular maus hábitos alimentares e o consumo de álcool ou outras drogas, entre outros comportamentos nocivos”, avalia.

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO – O diagnóstico da fadiga crônica começa pela exclusão de doenças que possam estar provocando o cansaço. Se os exames mostram que os órgãos estão funcionando bem e as avaliações psicológica e psiquiátrica não identificam quadro de ansiedade ou depressão, o médico pode excluir as causas mais perigosas e diagnosticar clinicamente a doença.

Nesse caso, sua recuperação estará, sem dúvidas, particularmente atrelada a escolhas que estão em suas mãos, a mudanças que você mesmo pode implementar em sua vida. O que você come, a atividade física em excesso ou a falta dela, o consumo de bebidas alcoólicas, medicamentos anti-inflamatórios e anti-histamínicos e outras drogas (lícitas ou não), o padrão psicológico e suas relações interpessoais, a qualidade dos seus momentos de descanso e, sobretudo, do seu sono. Tudo pode contribuir para sua melhora ou para aumentar ainda mais o cansaço.

Então, o tratamento requer exatamente o oposto disso. “Se o paciente apresenta sintomas como dor, é preciso utilizar medicamentos para controlá-la, mas por um período curto. A partir daí, é preciso ter os mesmos cuidados que você deve ter para evitar a fadiga crônica, com destaque para o sono regular, uma das maiores privações relatadas pelos mais de 800 pacientes que atendo por mês na Emergência” ressalta o médico.

“É preciso ter um perfil de hidratação bem organizado, momentos de lazer, atividades físicas moderadas e compatíveis com seu estado físico, alimentação equilibrada, relacionamentos interpessoais, hobbies. E tudo isso em ciclos diários, semanais e mensais. Dentro de um dia, uma semana e um mês, é preciso ter todos os pontos de recuperação. Isso é fundamental, mesmo em momentos mais complexos. Quando se ignora durante muito tempo esses cuidados consigo, a fadiga crônica tem uma enorme porta de entrada para se implantar”, finaliza o coordenador da Emergência do Santa Lúcia.