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22 de May de 2018

Flora bacteriana de obesos pode estar associada ao desenvolvimento de artrose

Pesquisa desenvolvida nos Estados Unidos mostrou que a flora bacteriana de ratos obesos pode produzir substâncias inflamatórias e contribuir para o desenvolvimento da doença

Uma pesquisa realizada pela Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, para investigar a relação entre a obesidade e a artrose — doença caracterizada pelo desgaste da cartilagem articular e por alterações ósseas — mostrou que a flora bacteriana de ratos obesos pode produzir substâncias inflamatórias sistêmicas nesses roedores e contribuir para o desenvolvimento da enfermidade nos joelhos.

“O estudo americano traz indícios de que um certo tipo de bactéria da própria flora intestinal de ratos obesos pode se proliferar com uma dieta rica em lipídios (gorduras) e, assim, provocar uma alteração inflamatória sistêmica que levaria a um quadro de artrose. Contudo, sua comprovação em seres humanos ainda é hipotética”, pondera o médico ortopedista do Hospital Santa Lúcia, Saulo Castro.

No caso específico da artrose bacteriana em ratos, a regulação da flora intestinal com uma oligofrutose (componentes vegetais usados em substituição ao açúcar) diminuiu a proliferação dessa bactéria intestinal e reverteu a inflamação sistêmica responsável pela artrose. “Todavia, como a artrose é uma doença provocada por diversos fatores, esta seria apenas uma das formas de combater um fator desencadeante específico “, afirma o especialista.

A obesidade está, sem dúvida, entre os fatores de risco mais relevantes para o desenvolvimento da artrose, porque carregar mais peso corporal coloca pressão adicional sobre as articulações que suportam o peso, como as dos joelhos. “Outras causas importantes são a idade avançada, deformidades ósseas como malformações articulares e lesões nas articulações provocadas pela prática de esportes, esforços repetitivos ou acidentes, por exemplo. Além disso, as mulheres são mais propensas a desenvolver a doença, embora ainda não seja claro o porquê”, acrescenta Saulo Castro.

Independente do fator desencadeante, os sintomas da artrose não diferem entre si e, de forma geral, o principal deles é dor ao movimentar a articulação acometida, cuja intensidade varia a cada caso. “Alguns pacientes podem ficar debilitados, enquanto outros podem apresentar poucos sintomas (sensibilidade, inchaço ou vermelhidão) apesar de degeneração das articulações observada na radiografia. Esses sintomas também podem ser intermitentes e não é incomum que alguns pacientes passem anos sem apresentá-los”, afirma.

O diagnóstico pode ser feito com exames de radiografia, ressonância magnética e laboratoriais — estes últimos indicados para investigações e acompanhamento de doenças de base, aquelas responsáveis pelo desenvolvimento da artrose. Já os tratamentos podem incluir desde o uso de medicações à realização de fisioterapia ou mesmo intervenção cirúrgica.