Voltar
Compartilhe:
01 de February de 2015

Infarto pode ser mais agressivo em jovens adultos de até 40 anos

O estilo de vida menos saudável, os vícios recorrentes e a desatenção na avaliação de possíveis sinais e sintomas são algumas razões pelas quais a quantidade de óbitos por infarto entre os jovens adultos de 20 a 39 anos aumentou no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, as mortes de indivíduos nesta faixa etária subiram de 2,51% para 2,79% dos casos nos anos de 2010 e 2012, respectivamente.

 

 

Os mais jovens costumam acreditar que ainda não estão inclusos no grupo de risco para a doença, o que faz com que demorem a reconhecer sintomas como dor no peito, queimação no estômago, náusea, fadiga, tontura, suores frios e falta de ar como indicadores de um possível infarto. Em decorrência disso, tendem a não buscar socorro adequado em tempo hábil, o que pode provocar sua morte. “Tempo é miocárdio, miocárdio é vida” , alerta o cardiologista do Hospital Santa Lúcia, Dr. Lázaro Miranda, ao ressaltar que buscar uma unidade hospitalar é condição para a sobrevivência do paciente.

 

 

Muitos jovens apresentam tendência a comportamentos que ajudam a aumentar a agressividade do infarto, como o uso do álcool e outras drogas, como cocaína, anfetamina e anabolizantes. “Por isso, ter uma salutogênica, ou seja, geradora de saúde, é uma arma poderosa contra o infarto”, destaca Dr. Lázaro. A escolha de alimentos naturais e a prática regular de atividade física, por exemplo, fazem a diferença.

 

Doenças congênitas, como a hipertrofia do músculo cardíaco e propensão à formação de coágulos nas artérias e veias (trombose), aumentam o risco de infarto entre jovens adultos. A predisposição genética, com casos de infarto do miocárdio, acidente vascular encefálico ou morte súbita na família também estão entre as razões mais frequentes para a ocorrência de doenças cardiovasculares (coração e cérebro), doenças que mais matam no Brasil e no mundo. Nestes casos, conhecer o histórico familiar é fundamental para identificar a necessidade de exames preventivos desde cedo.

 

 

Entre 2010 e 2012, o número de mortes por infarto aumentou 5,58% e subiu de 79.668 para 84.121 casos, ficando atrás apenas de agravos cerebrovasculares. Vilões como a hipertensão arterial, colesterol elevado, tabagismo, diabetes, obesidade e estresse contribuem enormemente para o crescimento dos óbitos. “É importantíssimo comer frutas, verduras, cereais integrais e outros alimentos ricos em fibras, carnes magras e sem frituras e fazer exercícios físicos pelo menos em dias alternados”, recomenda o cardiologista.

 

 

Mas a principal causa de infarto em todas as faixas etárias é a doença aterosclerótica coronariana, uma alteração nas artérias de grande e médio calibre, caracterizada por lesões com aspecto de placas conhecidas como ateromas, frequentemente ricas em conteúdo gorduroso. “As placas que entopem as artérias de indivíduos jovens são geralmente ‘moles’, não tendo havido tempo suficiente para que o coração se defenda com o desenvolvimento de circulação colateral que limite o tamanho da área comprometida. No mesmo sentido, não haveria tempo para o desenvolvimento dos vasos capilares no interior do ventrículo esquerdo, denominados sinusoides ou vasos de Thebesius, para nutrirem, no sentido inverso, o músculo cardíaco”, detalha o médico.

 

 

EU ESTOU INFARTANDO? Os sinais e sintomas de um infarto podem ser ‘típicos’ em indivíduos considerados ‘típicos’ para terem um infarto, ou seja, aqueles incluídos em grupos de maior risco. Por exemplo, um homem com mais de 40 anos, com dor na região do peito esquerdo ou atrás do osso do tórax por mais de 20 minutos, irradiando-se para o membro superior esquerdo e/ou para a base do pescoço, acompanhada por falta de ar, tontura, suores frios e náuseas. “Entretanto, quadros atípicos não são raros, principalmente em pessoas mais jovens ou muito idosas, nos diabéticos e nas mulheres”, alerta o cardiologista.

 

 

Por isso, não se deve ignorar sintomas aparentemente irrelevantes, como desconforto no peito, ansiedade intensa (medo de morrer), perda total ou parcial de consciência (lipotimia), desmaio, fadiga, astenia, falta de ar, cansaço inexplicável, tosse sem outra causa, pressão arterial elevada, entre outros. “Nossa obrigação é suspeitar sempre e encaminhar o paciente o mais rápido possível para um atendimento cardiológico emergencial. Tempo é miocárdio, miocárdio é vida”, alerta Dr. Lázaro.

 

 

SEM SENTIR. Mas um infarto vem sempre acompanhado de sintomas facilmente identificáveis? A resposta é não. É possível ser vítima de um infarto sem saber. Isso é mais comum na população idosa, especialmente nos diabéticos, pela ausência de dor no peito. Nos indivíduos mais jovens, pode ser confundido com um mal estar estomacal, um ‘exagero’ na ingestão de alimentos ou de bebidas alcoólicas. “Caso a pessoa sobreviva, o infarto será detectado como cicatriz em eletrocardiogramas futuros”.

 

 

QUANDO FAZER EXAMES. Se o indivíduo não for obeso, hipertenso, diabético, fumante e seus índices de colesterol estiverem dentro de parâmetros considerados saudáveis, a primeira consulta com o cardiologista deverá ocorrer aos 30 anos, para homens, e aos 40 anos, para mulheres. Se houver a intenção de iniciar prática de atividade física em alto nível, esta avaliação deverá ser antecipada.

 

 

Os exames básicos e essenciais são a história clínica e exame físico detalhado e a análise de um eletrocardiograma. Solicita-se o ‘kit básico’ laboratorial, que inclui hemograma, sumário de urina, glicemia de jejum e lipidograma. “A partir daí, outros exames, inclusive ecocardiograma e teste de esforço, somente serão necessários a partir de alterações eventualmente encontradas na avaliação básica”, explica Dr. Lázaro Miranda.