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06 de April de 2014

Infecção urinária de repetição atinge 30% da população de mulheres no Brasil

A infecção urinária é uma doença comum e que acomete até 50% das mulheres entre 20 e 40 anos com vida sexual ativa. Desse total, cerca de 30% pode desenvolver infecção urinária de repetição, caracterizada pela ocorrência de pelo menos dois episódios da doença no período de seis meses. A infecção se desenvolve quando a bactéria Escherichia coli — presente na flora intestinal — penetra nas vias urinárias e lá se multiplica. O urologista do Hospital Santa Lúcia, José Carlos Laydner, explica que a mulher é mais suscetível à enfermidade por sua constituição anatômica (uretra mais curta). “Com essa configuração, a bactéria que está no períneo (área entre o ânus e a vagina) chega mais facilmente na uretra, porta de entrada para a infecção”, frisa. O médico acrescenta que as vítimas constantes da doença têm um tipo de mucosa que favorece a aderência da bactéria. “Neste caso, a fragilidade é hereditária e há outras pessoas na família com o mesmo problema. É preciso consultar um médico para evitar as repetições”.

 

 

A infecção urinária não é transmissível, ou seja, não passa de uma pessoa para outra. Como ela é provocada por uma bactéria que existe normalmente no organismo, alguns fatores podem colaborar para a infecção. “Uma flora vaginal saudável, com pH ácido, ajuda a proteger a região. Se existe algum desequilíbrio nas bactérias protetoras da vagina, você fica mais suscetível à doença”, observa o Dr Laydner. O uso de espermicidas (creme ou gel que mata os espermatozoides), ejaculação do parceiro, sucos muito ácidos (como de laranja, limão e abacaxi) e diminuição de estrogênio (o que normalmente acontece na menopausa) podem facilitar a doença.

 

 

Os principais sintomas da infecção urinária são ardência, dor e aumento do ritmo para urinar; dor na região mais baixa do abdome; e sangue e odor na urina. “É necessário que, ao perceber esses sinais, a mulher procure um urologista para obter o diagnóstico adequado, pois a infecção tem tratamento”, explica o médico. Ele reitera ainda que, quando a doença não é tratada corretamente, as bactérias podem atingir outros órgãos, como os rins, gerando várias complicações, como infecção generalizada, situação que pode levar a paciente a óbito.

 

 

O diagnóstico é feito com exames de laboratório, e o mais importante dentre eles é a cultura de urina, que vai definir o tipo de bactéria e qual o melhor antibiótico a ser utilizado, que deve ser prescrito somente pelo seu médico. Ele saberá escolher o tipo adequado de acordo com a infecção e qual será a duração do tratamento. O profissional também poderá, se houver necessidade, prescrever medicamentos que melhoram os sintomas da inflamação até que a infecção esteja controlada. “Voltando a apresentar os sintomas de infecção urinária, a paciente deverá retornar ao médico, que saberá identificar uma recorrência, uma falha no tratamento ou a necessidade de mais exames para avaliar outras condições que possam estar predispondo-a à doença”, ressalta o urologista.

 

 

Dicas de prevenção

1. Cuidar da higiene pessoal, mantendo sempre limpas as regiões anal e genital.

2. Utilizar o papel higiênico na direção da frente para trás, evitando trazer bactérias da flora intestinal e vaginal para próximo da abertura da uretra.

3. Não utilizar desodorante íntimo, duchas vaginais, perfumes ou substâncias oleosas na região genital.

4. Durante o período menstrual, trocar com frequência o absorvente higiênico.

5. Urinar após a relação sexual, pois, devido ao atrito, podem ocorrer microtraumas na mucosa que reveste a uretra, que perde seu mecanismo de defesa, facilitando a penetração de bactérias.

6. Certificar-se de uma adequada lubrificação vaginal durante a relação sexual.

7. Procurar usar roupas íntimas de algodão.

8. Beber muito líquido, de preferência água.

9. Evitar comidas muito condimentadas, álcool, cigarro e café.

10. Ir ao banheiro com frequência durante o dia, evitando “segurar” a urina.

11. Consumir vitamina C: os alimentos ou suplementos ricos nessa substância diminuem a acidez da urina. Uma das melhores opções é osuco de cranberry (oxicoco), que possui compostos que inibem a aderência da bactéria Escherichia coli na mucosa do trato urinário.