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20 de March de 2019

Mieloma múltiplo corresponde a cerca de 10% a 15% dos tumores malignos no sangue

O mieloma múltiplo é um tumor maligno que se desenvolve nas células plasmáticas (glóbulos brancos) produzidas na medula óssea (tecido gelatinoso que preenche a cavidade dos ossos) e responsáveis pela produção dos anticorpos que compõem o sistema de defesa do organismo contra infecções por vírus, bactérias ou fungos, por exemplo.

 

Ele ocorre quando a célula não é capaz de fazer uma cópia perfeita de si mesma para manter o corpo em funcionamento normal, já que essas células morrem e são permanentemente substituídas por outras idênticas. O mieloma aparece quando uma determinada célula plasmática sofre mutação, multiplicando-se defeituosamente e produzindo uma imunoglobulina de um só tipo e ineficaz – conhecida como proteína M ou proteína monoclonal.

Quando crescem de modo desordenado, as células do mieloma podem afetar a produção normal de células sanguíneas na medula óssea, provocar o aumento  da viscosidade do sangue, lesões nos ossos, insuficiência renal e mau desempenho do sistema imunológico.

“O mieloma múltiplo corresponde a cerca de 1% dos tumores malignos e a aproximadamente 10% a 15% de todos os cânceres hematológicos. Ele ocorre até duas vezes mais em pessoas negras do que em pessoas brancas e também mais em homens do que em mulheres. Além disso, mais de 90% dos casos surge após os 50 anos de idade e o diagnóstico acontece, em média, por volta dos 70 anos, quando a incidência costuma ser maior”, explica Breno Gusmão, coordenador da Hematologia no Centro de Oncologia do Hospital Santa Lúcia.

 

SINTOMAS E DIAGNÓSTICO – Embora alguns pacientes não apresentem sintomas iniciais que indiquem a presença do mieloma múltiplo, os mais importantes costumam ser o enfraquecimento ósseo, com dores na coluna e quadris e maior risco de fraturas por pequenos traumas ou esforços.

 

Quando a quantidade de glóbulos vermelhos é reduzida (anemia), provoca fraqueza, falta de ar e tonturas. A diminuição de glóbulos brancos (leucopenia) faz cair a resistência às infecções. Já a redução das plaquetas (trombocitopenia) pode causar sangramentos importantes.

 

“O mieloma múltiplo também pode provocar o aumento do nível de cálcio no sangue, causando desidratação e insuficiência renal, entre outros sintomas. Ele também pode danificar os nervos, aumentar a viscosidade do sangue, retardando seu fluxo para o cérebro, gerar problemas renais e aumentar as chances de contrair de infecções”, explica o especialista.

 

DIAGNÓSTICO – A suspeita diagnóstica do mieloma múltiplo é feito a partir da avaliação clínica do paciente e com base nos resultados de exames de sangue e urina, como hemograma, eletroforese de proteínas (o mais importante) e imunofixação da proteína. Já o mielograma, ou aspirado da medula óssea seguido de biópsia, é fundamental para detecção de plasmócitos anômalos e diagnóstico definitivo da doença.

Exames como os de imagem – raios X, tomografia computadorizada e ressonância magnética e PET-CT – são úteis para determinar a extensão e a gravidade das lesões ósseas observadas em locais como vértebras, costelas, crânio, ossos da bacia e ombro, úmero (osso do braço) e fêmur (osso da coxa).

TRATAMENTO – Ainda sem cura definitiva, o tratamento do mieloma múltiplo consiste no “controle e adormecimento da doença”. Ele é direcionado ao alívio dos sintomas, minimização das complicações e retardo da progressão da doença para que o paciente tenha uma boa qualidade de vida.

 

Está bem estabelecido o consenso de iniciar tratamento nos pacientes com sintomas como cálcio elevado, insuficiência renal, anemia e lesões ósseas. Mais recentemente, o grupo internacional de mieloma recomendou iniciar o tratamento também em pacientes com mieloma múltiplo assintomático de alto risco, ou seja, aqueles que não apresentam os sintomas citados anteriormente, mas que têm no diagnóstico características biológicas de alto risco de progressão da doença em pouco tempo.

 

A quimioterapia e radioterapia, isoladamente ou combinadas, são classicamente recursos importantes no tratamento do mieloma múltiplo, assim como o transplante autólogo de células estaminais (células-tronco embrionárias), mais indicado a pacientes com menos de 65-70 anos que não apresentem outros problemas de saúde associados.

Atualmente, há opções modernas de tratamento, como o uso de drogas que agem no sistema imunológico para conter a disseminação dos plasmócitos anormais; a terapia-alvo, com medicamentos que atuam diretamente nas células do mieloma; os bifosfonatos, úteis para inibir a progressão das lesões ósseas e da osteoporose; e os corticosteroides, que também atuam eliminando os plasmócitos doentes, entre outras benefícios.