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20 de August de 2019

Nutrição clínica é fundamental na recuperação e no bem-estar de pacientes internados

Se é verdade que somos o que comemos, a nutrição adequada desempenha um papel ainda mais relevante quando estamos internados em ambiente hospitalar para tratamento. O que acontece com o metabolismo de pacientes com doenças graves, como o câncer? Como a alimentação pode auxiliar ou até prejudicar sua recuperação?

Para falar sobre esse assunto, convidamos a nutricionista clínica do Centro de Oncologia do Hospital Santa Lúcia, Ana Maria Badona.

1 – Que papel a nutrição desempenha no processo de tratamento e recuperação de pacientes internados em um hospital?

A função da nutrição clínica hospitalar é assegurar, principalmente aos pacientes desnutridos, a ingestão de uma dieta hipercalórica e de suplementos adequados para seu quadro. O nutricionista clínico desempenha essa tarefa e presta assistência personalizada àqueles com doenças crônicas, como diabetes, e pacientes oncológicos. O trabalho envolve também assistir pacientes em estado grave, sedados e entubados, ofertando a dieta por outras vias que não a oral – como a enteral. Tudo de forma personalizada para cada caso clínico.

2 – As doenças aumentam o gasto calórico?

Sim, algumas doenças e situações de estresse metabólico, como procedimentos cirúrgicos, aumentam bastante o gasto calórico do paciente, o que nós chamamos de fator de injúria. Esse fator é calculado de acordo com estresse que o gasto calórico do paciente pode ter, aumentando bastante. Se não for sanado, o indivíduo perde bastante peso e massa muscular. Cada paciente tem um gasto energético diferente, calculado de acordo com sua idade, sexo, peso e altura, juntamente com fator de atividade física e injúria.

3 – E no caso específico de um câncer, que tipo de alterações metabólicas devem ser consideradas no preparo da rotina alimentar do paciente?

Vários pacientes oncológicos perdem muita massa muscular. Portanto, o acompanhamento com avaliação nutricional é importante para investigar se existe perda de peso e se esse peso é músculo. Em alguns casos específicos acontece o contrário e o paciente ganha muito peso, o que também não é bom. O ideal é manter o peso próximo da normalidade durante o tratamento.

4 – Que impactos os tratamentos de quimioterapia e radioterapia provocam?

O tratamento pode causar diversos sintomas gastrointestinais que prejudicam o estado nutricional do paciente e a sua ingestão alimentar. Dentre os sintomas mais comuns estão náuseas, diarreia, falta de salivação, alteração no paladar e dificuldade de mastigar e digerir os nutrientes. Para amenizar esses efeitos e lidar com esses sintomas são necessários cuidados na escolha dos alimentos e a forma do preparo.

5 – O uso de medicamentos também interfere na absorção de nutrientes? Como?

Sim, interfere bastante em alguns casos. Por isso, é importante o paciente questionar sempre seu médico em relação aos horários em que deve tomar as medicações e sobre como elas devem ser ingeridas (em jejum ou não), para que não tenham seu efeito potencializado ou anulado.

6 – Há alimentos “proibidos”? Quais? Por quê?

Não existem alimentos proibidos. Contudo, uma alimentação equilibrada e sem excessos, como frituras, refrigerantes e alimentos açucarados, faz bem para a saúde de modo geral. Preferir alimentos naturais – bastante frutas e verduras – é sempre o ideal.

7 – Que impactos uma alimentação inadequada pode trazer para o tratamento de pacientes com câncer?

Muitas vezes, o uso de medicamentos como corticoides associados a uma alimentação desequilibrada e rica em carboidratos pode causar pré-diabetes ou até a própria diabetes. Por isso, pedimos sempre aos pacientes que fiquem atentos ao consumo consciente dos grupos alimentares, focando em alimentos ricos em fibras, como cereais integrais e frutas.

Está comprovado por meio de vários estudos que pacientes com câncer de mama, por exemplo, devem manter o peso adequado para sua altura, fazer atividade física e manter o percentual de gordura dentro dos níveis adequados para sua idade. Tudo isso ajuda no tratamento e na diminuição do risco de recidiva da doença.

8 – De que forma o Santa Lúcia está preparado para atender e oferecer a melhor nutrição aos seus pacientes?

A equipe de Nutrição do Santa Lúcia está preparada para prestar assistência ao paciente em todos os momentos, desde o consultório de nutrição até o ambulatório e a internação, oferecendo tratamento personalizado para cada tipo de enfermidade, com o foco em promover sua saúde e bem-estar.

O paciente é o centro do tratamento e o trabalho do nutricionista clínico, tanto no tratamento curativo quanto no paliativo, é manter seu bom estado nutricional e promover o alívio de sintomas, priorizando o bem-estar e qualidade de vida em todos os estágios em que ele se encontra.