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04 de July de 2019

O Santa Lúcia é o primeiro hospital do mundo a utilizar tecnologia 3D para tratar malformações arteriovenosas cerebrais

A angiotomografia computadorizada aumenta a precisão da radiocirurgia para curar a doença

O Hospital Santa Lúcia foi o primeiro do mundo a utilizar, no dia 26 de junho deste ano, angiotomografia computadorizada dos vasos cerebrais para criar um modelo 3D que aumenta a precisão da radiocirurgia no tratamento para curar a malformação arteriovenosa (MAV) cerebral.
A doença, congênita, atrapalha a comunicação entre as artérias e veias cerebrais na medida em que provoca a formação de um novelo de vasos sanguíneos malformados e frágeis, que podem acarretar sangramentos e, consequentemente, lesões cerebrais com risco de morte.
Segundo o neurorradiocirurgião do Santa Lúcia, Renato Campos, a radiocirurgia de MAV cerebral induz o fechamento dos vasos malformados com o uso da radiação. Entretanto, é uma terapêutica muito complexa por causa da grande dificuldade em definir a área a ser tratada, já que a malformação é sempre muito irregular.
“A literatura médica mostra que o erro do alvo, ou seja, a delineação imprecisa da região a ser tratada, é a maior causa de insucesso no tratamento”, explica.

A INOVAÇÃO


De acordo com o especialista, via de regra o desenho da lesão é feito com o uso da ressonância magnética, tomografia computadorizada e angiografia cerebral realizada no dia
do tratamento. Esta última, entretanto, é limitada porque só oferece uma imagem bidimensional, o que acaba exigindo uma enorme capacidade de abstração do neurorradiocirurgião.
Como o cérebro humano entende mais facilmente a visualização em três dimensões, o uso da angiotomografia computadorizada aumenta sobremaneira a precisão com que o médico enxerga a área a ser operada com a radiocirurgia. No mundo, a técnica é citada uma única vez, por um grupo italiano, mas com a fonte de imagem sendo de uma angiografia 2D.
“A utilização da impressão 3D trouxe uma melhora significativa na definição espacial, o que acarretou uma diminuição de cerca de 20% no volume original sem o modelo 3D. Essa melhora traz menor área exposta à radiação com possível redução dos riscos de danos”,
comemora Renato Campos.

A abordagem desenvolvida no Santa Lúcia é pioneira tanto na utilização da angiotomografia computadorizada quanto no uso de cores distintas para diferenciar os vasos cerebrais e a área previamente embolizada.
O radioterapeuta do Hospital Santa Lúcia, Luiz Gustavo, também participou do procedimento. Para ele, “a utilização do modelo 3D em radiocirurgia de malformação arteriovenosa cerebral é viável e se apresenta como mais uma ferramenta para auxiliar o tratamento dessa doença tão desafiadora”, finaliza.