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20 de February de 2018

Pacientes com câncer devem se vacinar contra a febre amarela?

A vacinação contra a febre amarela é fundamental, mas em pacientes com câncer — especialmente aqueles em tratamento quimioterápico ou radioterápico — ela deve ser recomendada com muita cautela e em casos específicos.

A vacina é produzida com o vírus vivo atenuado e administrada em dose única. Segundo a médica oncologista do Hospital Santa Lúcia Sul, Cláudia Ottaiano, o paciente oncológico em tratamento tende a ter um sistema imunológico fragilizado, o que, em hipótese, diminui a eficácia da vacina e aumenta a possibilidade de reações graves.

“Como recomendação da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, pacientes que estão recebendo quimioterapia venosa ou oral, ou ainda terapia-alvo, não devem receber a vacina durante o tratamento e por até três meses após o seu término. Um cuidado maior deve ser tomado em pacientes em uso das medicações rituximabe, obinutuzumabe e fludarabina, que não devem receber a vacina durante o tratamento e por até seis meses após o seu término”, explica a médica.

De acordo com ela, pacientes com histórico de transplante de medula óssea não devem receber a vacina por até 24 meses após o transplante e aqueles em uso crônico de corticoides ou em doses imunossupressoras (que diminuem as defesas imunológicas) não devem receber a vacina durante o tratamento e por até quatro semanas após o seu término.

“Já nos pacientes oncológicos que terminaram o tratamento, a dose padrão da vacina deve ser administrada, respeitando as orientações do oncologista”, reforça Cláudia Ottaiano, ao lembrar que, desde abril de 2017, o Brasil adota o esquema vacinal de apenas uma dose durante toda a vida, medida que está de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). “Ou seja, se o paciente oncológico já foi vacinado no passado, não há necessidade de repetir a dose, o que evita efeitos colaterais”, acrescenta.

FEBRE AMARELA – Os sintomas iniciais da febre amarela incluem o início súbito de febre, calafrios, dor de cabeça intensa, dores nas costas e no corpo, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza. A maioria das pessoas melhora após estes sintomas iniciais. No entanto, cerca de 15% apresentam um breve período de horas a um dia sem sintomas e, então, desenvolvem uma forma mais grave da doença.

O infectologista do Santa Lúcia Sul, Werciley Júnior, informa que, nesses casos graves, o paciente pode desenvolver sintomas mais fortes. “Febre alta, icterícia (coloração amarelada da pele e do branco dos olhos), hemorragia (especialmente a partir do trato gastrointestinal) e, eventualmente, choque e insuficiência de múltiplos órgãos. Cerca de 20% a 50% das pessoas que desenvolvem doença em sua forma grave podem vir a óbito”, ressalta.

O médico explica que os sintomas podem ser confundidos com doenças como influenza, dengue, zika e chikungunya. “O diagnóstico da febre amarela é feito a partir da associação de fatores epidemiológicos como a realização de viagem para áreas endêmicas, à sorologia para febre amarela e testes confirmatórios denominados PCR (reação de cadeia de polimerase) para detecção do DNA do vírus da doença”, detalha.