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20 de March de 2017

Presença de cálcio nas artérias pode provocar infarto e AVC

Um estudo divulgado na revista científica JAMA Cardiology concluiu que quantidades mínimas de cálcio nas artérias coronárias já aumentam o risco de doenças cardiovasculares como o infarto agudo do miocárdio e o acidente vascular cerebral (AVC).

 

Até o momento, os cientistas acreditavam não havia riscos para a saúde se o escore de cálcio — medida usada para avaliar a quantidade desse mineral nas artérias — fosse menor que 300. Contudo, o novo estudo revela que, mesmo índices que eram considerados baixos, como 100 de escore de cálcio, já trazem risco para o indivíduo.

 

Por isso, pessoas por volta dos 30 anos de idade já podem se beneficiar do exame que mede a quantidade da substância no corpo. “A principal novidade é que podemos identificar precocemente os pacientes que necessitam de medidas para evitar as doenças cardiovasculares”, explica o cardiologista do Hospital Santa Lúcia, Fausto Stauffer.

 

De acordo com ele, a presença de cálcio nas artérias indica o desenvolvimento da aterosclerose, formação de placas de gordura nos vasos sanguíneos que facilita o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

 

Mas como o cálcio se instala nas artérias? Segundo o especialista, as inflamações produzidas pela aterosclerose promovem o acúmulo de cálcio nos vasos sanguíneos. “Essa calcificação enrijece as paredes das artérias e pode provocar desde o seu entupimento até a sua ruptura, causando infarto ou AVC, por exemplo”, acrescenta o médico.

 

FATORES DE RISCO — Os principais fatores de risco modificáveis para a presença excessiva de cálcio nas artérias são os mesmos das doenças cardiovasculares: tabagismo, sedentarismo, hipertensão arterial, diabetes e dislipidemia (presença excessiva de gordura no sangue).

 

“Por isso, parar de fumar, praticar regularmente de exercícios físicos, adotar uma alimentação saudável rica em vegetais, fibras e pobre em conservantes, gordura, açúcar e sal, e controlar o peso, pressão arterial e níveis de colesterol e glicose são atitudes essenciais”, ressalta o cardiologista.

 

Além destes, o histórico familiar de doenças cardiovasculares e a idade avançada também contribuem para o processo de calcificação das artérias.

 

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO — O exame realizado para avaliar o escore de cálcio é a tomografia computadorizada de tórax sem contraste. Caso seja detectado um índice elevado da substância nas artérias do coração, o risco cardiovascular do paciente aumenta e exige o controle intensivo dos fatores de risco citados anteriormente.

 

“Esse monitoramento inclui ainda metas mais rigorosas de pressão arterial e colesterol”, alerta Fausto Stauffer. “Alguns pacientes precisam utilizar medicação para afinar o sangue, como o ácido acetil salicílico (AAS)”, acrescenta.

 

A SUBSTÂNCIA — O cálcio é um mineral indispensável para a saúde e, entre suas principais funções, estão a construção e manutenção dos ossos e dos dentes. A substância também está presente no sangue e faz parte do metabolismo de praticamente todas as células do corpo, como no mecanismo de contração muscular dos membros ou do coração, na transmissão de impulsos nervosos entre o cérebro e o resto do corpo e no equilíbrio do pH do sangue.