Quadril deslocado na infância prejudica desenvolvimento e pode causar dores e incapacidade
A articulação do quadril é formada pela cabeça do fêmur e pelos ossos da pelve, que constituem o acetábulo. Quando a relação entre esses dois elementos é anormal, a criança é portadora de displasia do desenvolvimento do quadril (DDQ). Conhecida como quadril deslocado, esta condição pode ocorrer antes, no momento ou logo após no nascimento e durante a infância.
“Quando não tratada na infância, provoca dores no quadril, desgaste da articulação do quadril, desvio na coluna, claudicação, discrepância do comprimento dos membros inferiores e incapacidade funcional, ou seja, dificuldade ou dependência para realizar atividades típicas da vida cotidiana, como praticar esportes, dirigir ou subir escadas. Deste modo, o diagnóstico e tratamento precoce são decisivos para o bom resultado”, explica a ortopedista pediátrica do Hospital Santa Lúcia, Dra. Mariana Ferrer.
As causas da displasia do desenvolvimento do quadril são desconhecidas, mas sabe-se que ela é mais comum em bebês primogênitos, mais frequente no sexo feminino e naqueles com apresentação pélvica (sentados no útero no momento do parto). Outros fatores de risco incluem baixo nível de líquido amniótico ou pequeno volume do útero durante a gravidez, além da frouxidão ligamentar.
Segundo a especialista, há também um componente genético associado à doença, já que crianças com histórico familiar positivo para a DDQ são mais propensas a desenvolver a enfermidade do que aquelas sem antecedentes de doença do quadril na família.
DIAGNÓSTICO – O diagnóstico de quadril deslocado ou parcialmente deslocado em crianças é, muitas vezes, um desafio, porque o quadro não costuma ser inicialmente doloroso e não limita o desenvolvimento físico, como caminhar. Contudo, é importante identificar a DDQ precocemente para tratá-la e evitar problemas durante a infância, adolescência e fase adulta.
“Na maioria dos pacientes, o diagnóstico é feito durante o primeiro ano de vida. A condição pode ser descoberta pelo pediatra com o exame dos quadris do bebê e, se houver suspeita, a realização de uma ultrassonografia. O médico deve procurar um clique no quadril, um movimento limitado e assimétrico, uma discrepância do comprimento dos membros inferiores ou o aumento de dobras da pele nas coxas”, detalha a ortopedista pediátrica.
Todavia, às vezes os sinais são sutis e passam despercebidos até o momento que a criança começa a andar ou durante a adolescência, quando pode apresentar dor. “Quando os dois quadris são deslocados, o comprimento das pernas, dobras cutâneas e movimento dos quadris serão os mesmos, o que torna o diagnóstico difícil sem a obtenção de um exame de ultrassonografia ou radiografia”, pondera a médica.
TRATAMENTO – O tratamento da DDQ é realizado pelo ortopedista pediátrico e depende de fatores como a idade da criança, o exame dos quadris e os resultados da ultrassonografia ou radiografia. Ele pode ser conservador, com o uso do suspensório de Pavlik para estabilizar a articulação do quadril; com redução e imobilização com gesso; ou, ainda, por meio de intervenção cirúrgica, em casos de diagnóstico tardio ou refratários.