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17 de July de 2018

Substância encontrada na casca da uva pode ajudar no combate ao câncer

A recomendação clássica de uma taça de vinho por dia acaba de ganhar um novo reforço pois, segundo cientistas brasileiros, o resveratrol — substância encontrada na casca da uva — pode ajudar na luta contra o câncer porque combate mutações na proteína p53, uma estrutura presente em cerca de 60% dos tumores, principalmente de ovário (90% dos casos).

A descoberta, feita pelas equipes do Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis (IbqM), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), foi publicada na revista especializada Oncotarget e deve ajudar no desenvolvimento de medicamentos mais eficientes no tratamento de neoplasias.

“O resveratrol é encontrado no vinho tinto, amoras, amendoim e ruibarbo, planta medicinal não tão conhecida pelos brasileiros, parecida com um aipo e utilizado em chás e infusões. A essa substância têm sido imputados vários benefícios, como a prevenção ao câncer e à doença isquêmica do coração, doença vascular periférica e aumento da tolerância ao estresse, por exemplo. Todavia, ainda não há comprovação disso em estudos conduzidos em humanos, tampouco da dose ideal”, explica o diretor Clínico do Hospital Santa Lúcia, Sérgio Murilo.

CONSUMO DE VINHO – De acordo com o médico, o consumo diário de uma taça de vinho é considerado moderado e foi alvo de vários estudos e metanálises que indicam uma redução de eventos cardiovasculares nessa população quando comparada aos não consumidores da bebida. Porém, os estudos sobre a relação com o câncer ainda não são suficientemente comprobatórios do benefício.

Mas é preciso ter cuidado, já que esse hábito pode estimular o aparecimento do alcoolismo, doença cujos fatores de risco incluem a hereditariedade e que pode ser despertada pela ingestão de álcool. “Ao decidir pelo uso de bebidas alcoólicas, é preciso ter em mente que o risco de dependência existe. Estar ciente dos sinais de abuso é um caminho para a recuperação”, alerta o especialista, que ingere diariamente uma taça de vinho.

“Não existem estudos que evidenciam que o benefício do consumo moderado de vinho possa interferir em outras doenças, apenas nas cardiovasculares. A maioria desses estudos é observacional, ou seja, compara duas populações em relação a um hábito. Portanto, o fator protetivo não é conhecido”, reforça.