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21 de December de 2014

TÉCNICA COM CATETER PODE SUBSTITUIR CIRURGIA CARDÍACA INVASIVA

O tratamento de válvula por cateter é um método de recuperação das válvulas cardíacas através da pele, isto é, percutâneo. Ele pode evitar a cirurgia convencional, na qual o tórax é aberto para dar acesso ao coração. Neste novo procedimento, um cateter é introduzido na artéria (preferencialmente por via femoral) e levado até o local a ser recuperado. “É menos traumático do que a cirurgia invasiva. Há pacientes submetidos à técnica que recebem alta em dois dias”, afirma o cirurgião cardiovascular do Hospital Santa Lúcia, Dr. Leonardo Esteves Lima.

 

Mas, apesar dos benefícios, a técnica envolve riscos. “O procedimento só pode ser feito pelo chamado heart team, ou equipe do coração, com treinamento específico. Qualquer falha pode ser fatal”, esclarece o especialista. O grupo é composto por cirurgião cardiovascular, hemodinamicista, cardiologista, intensivista, cirurgião endovascular e anestesista. No Hospital Santa Lúcia, os médicos foram treinados na Suíça especialmente para este método.

 

O tratamento de válvula por cateter foi desenvolvido em 2002, na França. Como é muito recente, ainda é indicado apenas para pacientes idosos ou sempre que o risco da cirurgia tradicional for considerado grande demais. O Dr. Leonardo reforça que os resultados atuais são animadores: “Só na Alemanha foram mais de 30 mil procedimentos em uma década, com algo em torno de 90% de índice de sucesso. Ele ainda não é indicado para pacientes jovens, mas a viabilidade está em estudo nos EUA e na Europa”.

 

No Brasil, o método é utilizado há pouco mais de três anos, com mais de 500 pacientes submetidos. A maior parte dos casos tratados via cateter é de válvula aórtica afetada por degeneração senil ou estenose aórtica, doença que caracterizada pela calcificação interna do vaso, reduzindo o volume de sangue impulsionado para fora do coração. O paciente afetado pela doença costuma sentir falta de ar e corre o risco de sofrer morte súbita por infarto. “Eu tenho certeza de que em alguns anos o método tradicional da cirurgia será substituído por esta novidade. Poderemos recuperar uma válvula afetada utilizando a equipe treinada e submeteremos os pacientes a um sofrimento muito menor, com anestesia local e sedação e um pós-operatório muito menos traumático”, conclui o cirurgião.