Provocado pelo crescimento anormal e descontrolado das células que compõem a epiderme, o câncer de pele é o tumor mais frequente no Brasil e corresponde a 30% de todos os casos de câncer registrados no país. De acordo com o tipo de célula da pele que originou o tumor, ou seu subtipo histológico, a doença pode ser classificada em melanoma — menos frequente, agressivo e letal — e não melanoma — mais comum e de menor gravidade. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), no ano passado, 175.760 brasileiros apresentaram câncer de pele não melanoma e 5.760 o tipo melanoma.

Quais são as principais causas e fatores de risco deste tipo de câncer?

Apesar de alguns pacientes desenvolverem a doença mesmo não apresentando fatores de risco conhecidos, o câncer de pele não melanoma está comumente associado à exposição à radiação ultravioleta (UV), idade avançada, herança genética, cor da pele mais clara, radioterapia prévia e inflamações crônicas (como queimaduras anteriores), além de infecções pelos vírus HIV ou HPV.

O sol é a principal fonte de radiação UV, e o efeito gerado pela radiação ultravioleta B (UVB) na pele pode provocar danos ao DNA, gerando o tumor. Os idosos têm mais chance de ter câncer de pele devido à exposição ao sol acumulada ao longo do tempo, e pessoas com tons de pele mais claros (menos melanina) têm uma menor proteção contra as radiações UV.

Pacientes que se submeteram à radioterapia durante um tratamento de câncer apresentam maior chance de desenvolver tumores de pele na área que foi irradiada, assim como os imunossuprimidos (com menor defesa imunológica), a exemplo dos portadores de HIV.

Além disso, ter tido um câncer de pele é um importante fator de risco para desenvolvimento de outros tumores de pele. Isto porque pacientes que têm o diagnóstico da doença provavelmente apresentam os fatores de risco acima descritos.

Para prevenir o câncer de pele, alguns cuidados — como limitar a exposição aos raios solares e utilizar protetores diariamente — são fundamentais, assim como o uso de chapéu com aba para exposições ocasionais ao sol.

Quais são as manifestações clínicas do câncer de pele?

Segundo o INCA, o ideal é evitar a exposição ao sol das 10 às 16 horas e utilizar filtros solares com fator de proteção 15 ou mais, além de roupas, chapéus, guarda-sol e óculos escuros. Mas é importantíssimo também observar a pele. Em caso de lesões novas, irregulares, com sangramento, o paciente deve procurar imediatamente o dermatologista e, se for preciso, fazer o acompanhamento complementar num Centro de Oncologia.

A Sociedade Brasileira de Dermatologia orienta atenção urgente às seguintes características:

  • Lesão na pele de aparência elevada e brilhante, translúcida, avermelhada, castanha, rósea ou multicolorida, com crosta central e que sangra facilmente;
  • Pinta preta ou castanha que muda sua cor, textura, torna-se irregular nas bordas e cresce de tamanho;
  • Mancha ou ferida que não cicatriza, que continua a crescer e apresenta coceira, crostas, erosões ou sangramento.

Quais são os principais tratamentos para a doença?

Em geral, tumores de pele diagnosticados precocemente, sejam do tipo melanoma ou não melanoma, são tratados com a retirada cirúrgica e têm bons índices de cura. Assim, no caso dos melanomas iniciais, a cirurgia é o tratamento mais indicado. A radioterapia e o tratamento sistêmico também podem ser utilizadas dependendo do estágio do câncer.

Nos casos de doença metastática, quando as células tumorais se espalharam para outros órgãos, relevantes avanços aconteceram nos últimos anos. A imunoterapia, que age regulando o sistema imunológico do paciente contra as células tumorais, e as drogas específicas para os pacientes que apresentam mutação do gene BRAF mudaram o cenário do tratamento do melanoma avançado.

Há cerca de 5 anos, o melanoma metastático era considerado uma doença com curta perspectiva de vida para o paciente. Hoje, com o avanço das imunoterapias e drogas-alvo, há uma melhora na perspectiva de vida e, em alguns casos, o seu desaparecimento mesmo em casos de doença avançada. O perfil de toxicidade do tratamento também melhorou muito. É possível tratar estes pacientes melhor, com poucos efeitos colaterais e de maneira mais efetiva.

O novo Centro de Oncologia do Hospital Santa Lúcia tem uma equipe preparada para o cuidado integral ao paciente, com uma equipe multidisciplinar que inclui Oncologia Clínica, Radioterapia e Cirurgia Oncológica.

A equipe discute todos os casos a serem tratados em reunião interdisciplinar e é pensado o caso de cada paciente frente aos dados mais atuais e relevantes. O trabalho conjunto da Nutrição, Fisioterapia, Odontologia, Psicologia e Enfermagem permite um cuidado integral e humanizado ao paciente.